Amber Heard perdeu pedido de novo julgamento e a possibilidade de voltar a enfrentar Johnny Depp em tribunal
Um dos jurados ocupou o lugar que devia ter sido do seu pai, com quem partilha nome e residência. Com isso, a equipa de Heard esperava anular o julgamento. Mas a juíza Penny Azcarate considerou que não havia “nenhuma prova de fraude ou acto ilícito”.
Amber Heard viu recusada uma petição para um novo julgamento no caso de difamação contra o ex-marido Johnny Depp. A juíza Penny Azcarate deliberou, esta quarta-feira, que os argumentos dos advogados de Heard, de que um dos jurados tinha falhado no seu compromisso com o tribunal, não têm fundamento para que se realize um novo juízo.
A actriz de Aquaman foi condenada, a 1 de Junho, a pagar ao ex-marido dez milhões de dólares (9,98 milhões de euros) de indemnização compensatória e o máximo legal no estado da Virgínia de indemnização punitiva, 350 mil dólares (349.300€), depois de o júri ter considerado que o artigo de opinião assinado por Heard no The Washington Post, em 2018, continha declarações difamatórias. Já Amber Heard, que tinha ripostado com uma contra-acusação de difamação de cem milhões, viu serem-lhe atribuídos dois milhões de dólares em indemnizações.
Logo após o veredicto e respectiva sentença, Amber Heard fez saber da sua intenção de recorrer. E os seus advogados encontraram uma falha que poderia determinar a anulação do julgamento, que prendeu as atenções mediáticas ao longo de mês e meio: um dos jurados não era a pessoa que tinha sido citada, mas o seu filho, com o mesmo nome e a residir na mesma morada. No entanto, a magistrada considerou que não havia “nenhuma prova de fraude ou acto ilícito” por parte do jurado e que o veredicto do júri deveria manter-se, notando que ambas as partes tinham questionado e aceitado todos os jurados no início do julgamento. “O devido processo foi garantido e fornecido a todas as partes neste litígio”, escreveu Azcarate, citada pela Reuters.
Johnny Depp, de 59 anos, interpôs uma acção contra Amber Heard, acusando-a de o ter difamado quando assinou um artigo de opinião no The Washington Post em que se lê “tornei-me uma figura pública que representa os abusos domésticos”. Depois disso, Depp foi descrito por um jornalista do britânico The Sun como “espancador da mulher”, tendo processado o tablóide e perdido o caso num tribunal londrino, onde o juiz Andrew Nicol considerou que a estrela da saga Piratas da Caraíbas agrediu repetidamente a ex-mulher, concluindo que, por ser verdade, a descrição do jornal não constituía difamação.
Já o julgamento nos EUA, que foi transmitido em directo, teve um desfecho diferente, com Depp a conseguir questionar a idoneidade de Amber Heard em várias frentes, nomeadamente em relação aos sete milhões de dólares do acordo do divórcio que a actriz afirmara ter doado a duas instituições: a União Americana pelas Liberdades Civis (ACLU, na sigla original) e o Hospital Infantil de Los Angeles. No entanto, deu-se como provado que o donativo de 3,5 milhões não chegou a nenhuma das organizações.
Além disso, e entre outros momentos, a alegação de violência doméstica apresentada por Amber Heard, num incidente pouco antes de a actriz ter dado entrada com os papéis do divórcio, foi refutada pelos agentes que responderam à chamada (ambos testemunharam não ter observado qualquer marca na actriz, que não reconheceram na época). E Depp apresentou-se em tribunal como sendo a vítima de violência doméstica, tendo conseguido que Amber Heard admitisse que o tinha atingido, ainda que a actriz tenha ressalvado que só o fez para se proteger e para defender a sua irmã mais nova.
Mas não foi apenas em tribunal que Johnny Depp venceu. Nas redes sociais, o actor beneficiou de uma campanha a seu favor e contra Amber Heard, uma vertente explorada por um novo documentário da NBC News, estreado na quarta-feira e disponível online. De acordo com a sinopse, Um Casamento em Julgamento: Johnny Depp, Amber Heard e a Verdade na Era das Redes Sociais explora a razão pela qual o julgamento foi o foco das redes sociais, especificamente TikTok, e como isso poderá ter afectado a percepção do público e até o resultado legal.