Quando uma ponte divide: moradores contestam nova travessia sobre o Douro
Depois das críticas de arquitectos e projectistas, também os moradores se queixam da nova travessia para o metro. Alguns vão ficar a morar, literalmente, debaixo da ponte. Mas há quem esteja a organizar-se para contestar a empreitada
“Deitei-me muitas vezes com uma triste sopa e comi muito pão sem nada para que isto fosse possível.” As palavras de Ângela Pereira, já com os olhos rasos de água, simbolizam aquilo que o marido António Pereira procurava explicar há alguns minutos: uma inquietação e revolta por verem um projecto público roubar-lhes o que levaram “uma vida” a conseguir. Se a nova ponte sobre o Douro se concretizar tal como lhes tem constado, o tabuleiro vai passar, literalmente, por cima do tecto deles, numa cooperativa construída em Massarelos há mais de 40 anos, ao abrigo do processo SAAL. O casal septuagenário não está sozinho nesta contestação: um grupo de moradores está a reunir esforços para travar a construção da travessia naquele lugar. “Não estamos contra a ponte”, avisa António Pereira: “Só não a queremos por cima da nossa casa, quando podia ser ao lado sem incomodar ninguém.”
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