Palcos da semana
Entre uma feira de teatro no Fundão e uma grande exposição de Mattia Denisse em Lisboa, a música transborda do Med em Loulé, de um Tom de Festa nómada e de Beach Boys (e outros) nos jardins de Oeiras.
Tom de nómada
Se o Tom de Festa já andava pelas mais diversas latitudes, este ano é o próprio festival que se torna nómada. Na sua 30.ª edição, e após dois anos de paragem forçada, reinventa-se e troca o formato fixo por quatro fins-de-semana, cada um com o seu poiso. A viagem pelos sons do mundo – que, este ano, vai de Portugal ao Haiti, passando por Moçambique, Cabo Verde, Espanha e Colômbia – converte-se, assim, num périplo também pelo concelho de Tondela. A bordo vão nomes como Milton Gulli, Ana Alcaide, Pao Barreto, Valete, La Trocamba Matanusca, Moonlight Benjamin, Bruno Pernadas ou Dino D’Santiago. No passaporte desta nova identidade entram ainda actividades paralelas nascidas da ligação às comunidades locais, sejam visitas guiadas, workshops, sugestões gastronómicas ou aulas de ioga.
No imaginário de Denisse
Mattia Denisse (n.1967), artista francês a viver por cá desde 1999, é alvo da “mais extensa apresentação da sua obra em Portugal até à data”. Assim se anuncia Hápax, a exposição que a Culturgest acaba de inaugurar. Reúne cerca de 500 obras em desenho e serigrafia – algumas inéditas – produzidas nos últimos 15 anos e aqui organizadas em sete núcleos. É uma oportunidade para “descobrir o modo singular e bem-humorado como o artista enuncia e responde às questões transversais da condição humana” e, segundo o curador, Bruno Marchand, entrar num imaginário onde “tudo o que é da ordem da realidade, mas também da surrealidade, do sonho, da especulação, do fantasma, do espanto e dos fenómenos subtis, tem cabimento”.
Na onda festivaleira
Chegou o Verão, venham os Beach Boys. É com um concerto em modo best of, integrado na digressão Sixty Years of the Sounds of Summer – sem Brian Wilson, mas com Mike Love –, que abre o festival Jardins do Marquês - Oeiras Valley. As noites de música prosseguem com Paulo Flores, Bonga, Lura, Marisa Monte, Jorge Drexler, Carminho, Maro, Nouvelle Vague, Gilsons, Gregory Porter, José Cid e muitos outros, até ao remate feito por uma homenagem a Tom Jobim por Seu Jorge e Daniel Jobim, antecedida por uma incursão à Rua das Pretas de Pierre Aderne.
Mercado ibérico
A companhia espanhola Karlik e o português Teatro das Beiras levam à cena a sua peça conjunta, Quem Se Chama Saramago, na abertura da terceira edição da Feira Ibérica de Teatro, dando o tom ao que ali se vai passar ao longo de quatro dias. Teatro, dança, circo e animação de rua ocupam o Fundão num total de 16 espectáculos oferecidos por companhias de Portugal e Espanha. Teatro Corsario, Spinish Circo, Peripécia Teatro, Esquiva, Gato Sa e Partículas Elementares estão entre os grupos participantes. Esta montra, resultante de uma selecção feita entre mais de 500 propostas, é organizada pela Este - Estação Teatral, em parceria com a autarquia.
O mundo e a maioridade
Numa semana recheada de (regressados) festivais de música, também Loulé se faz ouvir, retomando em pleno a grande celebração de sonoridades de sítios e espectros diversos, exponenciada pela maioridade que é cumprir 18 anos de existência. As movimentações do Festival Med fazem-se entre quatro palcos – Chafariz, Matriz, Cerca e Castelo – prontos a acolher artistas como a mauritana Noura Mint Seymali, o congolês Jupiter Bokondji, a brasileira Mallu Magalhães, o jamaicano Anthony B, a alemã Ayo, a portuguesa Maro ou senegalês Remna, para citar apenas alguns. A envolver os concertos há cinema, livros, teatro, artes plásticas, artesanato e gastronomia.