Palcos da semana
Freamunde anda a dançar com música 100% portuguesa, enquanto Sesimbra assiste a filmes servidos por Tom Barman. Lisboa observa 50 anos pela lente de Alfredo Cunha, vê O Beijo da Mulher Aranha no Trindade e junta-se a Bragança e Faro num festival saído da caixa.
Agora fora da caixa
A expressão pode parecer gasta, mas aplica-se na perfeição ao Live In a Box, o festival que está prestes a sair das caixas onde nasceu (os ecrãs) e saltar finalmente para o palco – ou melhor, três. Depois de uma primeira experiência online, em 2020, que alcançou cerca de 8.000 pessoas em pleno confinamento, e após uma tentativa (cancelada) de passar a presencial no ano passado, chegou o momento de largar os pequenos ecrãs. A passagem faz-se rumo às três cidades que o acolhem em simultâneo: Bragança, Lisboa e Faro. Neste périplo de música lusófona e ibérica, com lugar para as mais diversas sonoridades, entram Júlio Resende, Luísa Sobral, Moreno Veloso, Carlão, Carles Dénia, Sara Correia, Luca Argel, Fogo Fogo e Cristina Branco. Cada um visitará duas cidades; cada cidade terá direito a dois concertos por dia; no total, serão 18 os espectáculos.
Atrás das grades, cumplicidade
Num contexto ditatorial, Molina e Valentín são colocados na mesma cela. Em comum, têm pouco mais do que o local onde agora se encontram e o facto de serem olhados pelo regime como ameaças. O primeiro é homossexual e foi acusado de corromper menores. O segundo é um guerrilheiro revolucionário que é constantemente submetido à tortura. Naquele cárcere, entre o delírio e o sofrimento, acabam por forjar uma improvável relação de cumplicidade e amizade. A célebre história de O Beijo da Mulher Aranha, escrita pelo argentino Manuel Puig em 1976 – e adaptada ao cinema em 1985 por Hector Babenco, no filme que valeu a William Hurt o Óscar de Melhor Actor –, é levada à cena pelo Teatro da Trindade, em parceria com a Tenda Produções. A peça é encenada por Hélder Gamboa, com interpretações entregues a João Jesus e Diogo Mesquita.
Espreitar com Barman
Tom Barman, vocalista e compositor dos dEUS e realizador de Para Onde o Vento Sopra, é, provavelmente, o belga mais famoso de Sesimbra. Agora, passa a ser conhecido também como programador de um novo festival na sua vila de adopção. Chama-se Keek Film Fest - Cinema e Comunidade – o nome deriva de uma expressão escocesa para algo como um “espreitar curioso” –, “pretende divulgar novas linguagens artísticas e, em simultâneo, desenvolver uma ligação forte entre a sétima arte e a comunidade” e traz na nota de intenções a ambição de “ter continuidade, com outras figuras e outras temáticas”. Esta primeira edição serve cinco propostas de Barman, em sessões comentadas pelo próprio: Mergulho no Passado, realizado por Frank Perry com a ajuda de um jovem Sydney Pollack; O Génio do Mal, de Richard Donner; Manhattan, de Woody Allen; O Plano, de Sam Raimi; e Uma Separação, de Asghar Farhadi. O programador será ainda DJ quando, em dupla com Pedro Ramos, subir à cabina para dar ritmo à festa que encerra o festival.
Andando e dançando
Mão Morta, Linda Martini, B Fachada, Conjunto Corona, Throes + The Shine e First Breath After Coma encabeçam o cartaz do sétimo Walk & Dance, festival que volta a realizar-se em Abril, depois de uma edição fora de época, em Outubro de 2021. São apenas alguns entre os muitos que vão andar “distribuídos por salas chegadas e desapegadas de Freamunde, e também pelas ruelas e praças” da cidade, anuncia a organização, que garante o selo “100% português” ao convívio de três dias entre artistas “consagrados e emergentes, nunca esquecendo as promessas locais”.
Memórias de Cunha
A Casa da Imprensa enche-se de imagens produzidas por um dos maiores nomes do fotojornalismo português. Alfredo Cunha - 50 Anos de Fotografia faz a retrospectiva do seu trabalho, das icónicas fotografias do 25 de Abril aos registos da pandemia, passando por muitos outros momentos, históricos ou do quotidiano, num total que ultrapassa as 50 obras. Cunha estará presente na inauguração (às 17h30) para comentar uma visita guiada pelas suas – e nossas – memórias. Mais tarde, voltará para uma conversa com os jornalistas Ana Sousa Dias e Luís Pedro Nunes a propósito da exposição (11 de Maio, à mesma hora).