Explique ao seu filho por que a guerra não é a solução
Em vez de bater em alguém ou de fazer uma enorme birra quando sente raiva, as criança em idade escolar são capazes de dizer por que estão zangadas e procurar uma solução amigável.
Putin agiu de forma intencional e racional contra a Ucrânia, porém, a emocionalidade está também muito patente num conflito marcado pela fome de poder e pela raiva. Se a guerra está a passar ao lado para o seu filho, deixe-o estar tranquilo enquanto for possível. Mas se é uma criança que faz perguntas sobre aquilo que estamos a viver, é importante ouvi-la e saber se a informação que ela tem é verdadeira, além de demonstrar apoio sobre o que está a sentir, a pensar e renovar a garantia de que está segura.
Aproveite, ainda, este momento para falar sobre gestão emocional e resolução de problemas, mostrando-lhe que as situações nunca devem ser resolvidas com o uso da força nem passando por cima dos sentimentos e direitos dos outros. Esta pode ser a única aprendizagem positiva que uma criança tira desta guerra.
Então, como ajudar as crianças a aprenderem a regular as suas emoções? Há vários aspectos a considerar, mas aqui centro-me apenas na socialização e no apoio parental. As famílias diferem na forma como falam sobre sentimentos e isso reflecte-se mais tarde no modo como as crianças expressam os seus sentimentos e como regulam as suas emoções. As crianças com maior dificuldade de regulação emocional são as que mais passaram por stress crónico, instabilidade e falta de previsibilidade nos ambientes em que vivem.
Eis algumas ideias:
Fale sobre os seus próprios sentimentos
Use a linguagem dos sentimentos com o seu filho e incentive-o a usá-la também. Falar sobre os sentimentos ajuda as crianças a aprenderem a identificar melhor as emoções e modela formas de lidar com essas emoções através da verbalização dos sentimentos.
Identifique em voz alta as suas emoções e procure nomear as expressões emocionais (não verbais) dos outros.
Ensine o seu filho a controlar o seu comportamento, não os seus sentimentos. Não é aceitável agir conforme aquilo que sentimos, mas é sempre bom falar sobre os sentimentos, porque todos os sentimentos são normais — uns fazem-nos sentir bem, enquanto outros magoam, mas todos são importantes.
Não diga: “Não fiques triste” ou “Não deverias ficar irritada por causa disso”. Em alternativa, identifique os sentimentos da criança e encoraje-a a falar.
Explique que a desregulação emocional acontece quando uma pessoa tem respostas emocionais fora do seu controlo, tal como quando está com raiva e é agressiva. Saliente o impacto que isto pode ter nestas crianças, em concreto, as dificuldades em fazer e em manter amizades, porque ninguém quer ser amigo de quem bate e maltrata.
Mostre como o corpo também sente a activação emocional. Algumas crianças em situações de frustração ficam muito agitadas fisicamente, com o batimento cardíaco acelerado e a respiração rápida e não conseguem dominar os seus pensamentos, mas podem dominar os seus comportamentos. Faça uma lista de coisas que a criança pode fazer.
Mostre que cada criança pode gerir a suas emoções e existem diferentes respostas a situações de frustração ou desilusão, sendo umas mais ajustadas do que outras. Em vez de bater em alguém ou de fazer uma enorme birra quando sente raiva, as crianças em idade escolar são capazes de dizer por que estão zangadas e procurar uma solução amigável.
Relembre com a criança uma situação de conflito que aconteceu na escola ou com um irmão e use-a como ponte de partida para a resolução de problemas. O principal passo é identificar as emoções negativas e, de seguida, gerar várias soluções para o problema. Ajude-o a escolher a mais ajustada e a auto elogiar-se por isso.
Pratique em casa como lidar com situações que normalmente deixam o seu filho zangado, isto irá ajudá-lo a controlar a raiva em situações futuras. Ajude-o a encontrar as vantagens em agir de forma controlada.