Durante anos, padre usou mal uma palavra no rito baptismal. Agora é preciso repetir os baptismos (e não só)
Andrés Arango, que foi nomeado para a Paróquia de São Gregório, em Phoenix, em Abril de 2017, renunciou ao seu lugar, após a investigação. O seu afastamento entrou em vigor no passado dia 1.
Durante anos, o padre Andrés Arango deitou água benta sobre a cabeça dos seus paroquianos e disse sempre as mesmas palavras: “Nós vos baptizamos em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.” Agora, a diocese de Phoenix, no Arizona, veio dizer que não é “nós”, mas “eu” e que, por esse motivo, todos os ritos baptismais levados a cabo pelo sacerdote são nulos.
O pronome pessoal incorrecto, usado pelo padre Arango, obrigou a anular todos os baptismos que realizou, revela a investigação levada a cabo pela diocese. “Se a pessoa foi baptizada com as palavras erradas, isso significa que o seu baptismo é inválido e não é baptizada”, declara a diocese no seu site, acrescentando que essas pessoas terão de ser baptizadas, caso queiram pertencer à Igreja Católica.
Andrés Arango, que foi nomeado para a Paróquia de São Gregório, em Phoenix, em Abril de 2017, renunciou ao seu lugar, após a investigação. O seu afastamento entrou em vigor no passado dia 1. “Entristece-me saber que celebrei baptismos inválidos em todo o meu ministério como padre, usando regularmente uma fórmula incorrecta”, declarou, numa carta publicada no site da Diocese de Phoenix. “Lamento profundamente o meu erro e como isso afectou inúmeras pessoas da paróquia e de outros lugares.”
O erro vai além do baptismo, o primeiro sacramento católico. Como o baptismo é um sacramento que abre a porta aos outros, se um indivíduo tiver sido baptizado indevidamente pelo sacerdote e depois recebeu os outros sacramentos, como a confirmação (o crisma) ou o matrimónio, pode ser necessário voltar a repeti-los, mas só depois de fazer um baptismo que seja válido.
Foi em 2020, que o arcebispo Giacomo Morandi disse que parecia haver casos de padres que tinham mudado o rito do baptismo. E, acrescentou, de acordo com o Vaticano, nenhum consagrado deve acrescentar, remover ou alterar “qualquer coisa na liturgia por sua livre vontade”, uma decisão que invalidaria o sacramento.
Antes de ingressar na Diocese de Phoenix, Andrés Arango era membro da Congregação de Jesus e Maria, conhecida por comunidade eudista, uma ordem dedicada à formação de futuros sacerdotes e à pregação nas missões. O sacerdote já tinha trabalhado no Brasil e em San Diego. Segundo a diocese, o sacerdote costumava dizer “nós vos baptizamos”, em vez de “eu te baptizo”, ao presidir aos baptismos em espanhol e em inglês.
Depois de ter sido relatado ao bispo Thomas J. Olmsted que o sacerdote usava o sujeito errado na frase e de ter sido feito um “estudo cuidadoso”, concluiu-se que “todos os baptismos que realizou até 17 de Junho de 2021 são considerados inválidos”. Depois disso, já são válidos e não há necessidade de os repetir, assegura a diocese. O bispo, que está convencido de que o sacerdote não agiu de má-fé, prometeu ajudar a corrigir quaisquer baptismos inválidos.
De acordo com a Diocese de Phoenix, Andrés Arango “não se desqualificou na sua vocação e ministério” e continuará a ajudar aqueles que foram baptizados incorrectamente. O padre tem pedido perdão aos seus antigos paroquianos. “Peço sinceras desculpas por qualquer inconveniente que as minhas acções tenham causado e peço genuinamente as vossas orações, perdão e compreensão”, pediu.
Uma petição online pede para que o sacerdote permaneça na paróquia. “Os católicos são ensinados que Deus perdoa, que é amor e que mostra compaixão por todos”, diz a petição. “É importante que a Diocese de Phoenix enfatize essas virtudes e mostre aos seus fiéis o que realmente significa ser católico.”
Exclusivo PÚBLICO/The Washington Post