Dois projectos portugueses nomeados para o Prémio Europeu Mies van der Rohe 2022

As obras pré-seleccionadas, ambas em Lisboa, são o Palacete Marquês de Abrantes, da cooperativa Trabalhar com os 99%/Ateliermob, e a reabilitação do conjunto da Ribeira das Portas do Mar e do Campo das Cebolas, de Carrilho da Graça e Victor Beiramar Diniz.

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O Palácio do Marquês de Abrantes é um projecto de reabilitação participativa da cooperativa Trabalhar com os 99% Miguel Manso

Dois projectos portugueses de arquitectura, ambos em Lisboa, estão entre os 40 seleccionados para a segunda fase do Prémio de Arquitectura Contemporânea da União Europeia Mies van der Rohe 2022, anunciou esta segunda-feira a Comissão Europeia, organizadora do galardão. Os candidatos à lista de cinco finalistas são o Palacete Marquês de Abrantes, da cooperativa Trabalhar com os 99%/Ateliermob, e o conjunto da Ribeira das Portas do Mar e do Campo das Cebolas (incluindo a reabilitação do espaço público e a construção de um parque de estacionamento), de Carrilho da Graça e Victor Beiramar Diniz.

No total, há 40 projectos nomeados nesta fase intermédia, com obras distribuídas por 18 países europeus: Áustria, França e Espanha lideram, com cinco nomeações, seguidas de Bélgica, Alemanha e Reino Unido, com três candidatos. Tal como Portugal, a Dinamarca, a Finlândia e a Polónia viram dois projectos apontados ao prémio, distribuindo-se os restantes pré-finalistas por República Checa, Grécia, Hungria, Itália, Países Baixos, Noruega, Roménia e Eslovénia.

Os cinco finalistas deste prémio europeu criado para distinguir bienalmente a melhor arquitectura contemporânea serão anunciados no próximo dia 16 de Fevereiro. A entrega está marcada para Maio deste ano no Pavilhão Mies van der Rohe, em Barcelona, Espanha. No valor de 60 mil euros, o prémio, instituído em 1987 pela Comissão Europeia e pela Fundação Mies van der Rohe, com sede na capital da Catalunha, é considerado um dos galardões de maior prestígio na área da arquitectura mundial.

O projecto Portas do Mar, do estúdio de arquitectura João Luís Carrilho da Graça, resulta de um concurso internacional lançado em 2012 pela Câmara Municipal de Lisboa para a zona do Campo das Cebolas e da Doca da Marinha. A intervenção visou transformar uma área de estacionamento desordenado num “espaço aberto, disponível para as pessoas, criando uma praça relativamente vazia, mas com capacidade de uso intenso”, conforme a descrição do projecto apresentado ao prémio europeu. Por baixo da praça, no espaço entre a antiga orla e a muralha do Cais de Ver-o-Peso, do século XIX, foi construído um parque de estacionamento com 200 lugares, com iluminação e ventilação naturais.

“Durante as escavações foram descobertos alguns vestígios arqueológicos: sete barcos, que foram fotografados, registados e desmontados; secções de parede, que foram integradas no parque de estacionamento; e uma escada, que foi feita num dos acessos ao estacionamento”, indica ainda a descrição.

Alguns dos elementos descobertos foram mantidos no local onde foram encontrados, outros foram musealizados; os de menor valor arqueológico foram reaproveitados, tanto na construção de muros como no pavimento da praça, acrescenta a mesma nota.

Quanto ao Palácio do Marquês de Abrantes, na Rua de Marvila, é um edifício público, de propriedade municipal, e o projecto nomeado consistiu na instalação de um escritório técnico local de arquitectura, com novos usos para compatibilizar cultura, lazer e moradia.

As instalações do palácio serviram de habitação popular desde o século XX, e continuam a servir de sede a uma das colectividades mais antigas da cidade, a Sociedade Musical 3 d'Agosto, fundada em 1885.

Na última edição do prémio, não houve finalistas portugueses. O Mies van der Rohe foi então para um projecto de habitação social em Bordéus projectado pelos arquitectos Frédéric Druot e Christophe Hutin, do atelier Lacaton & Vassal.