Projecto francês de habitação social vence Prémio Mies van der Rohe
Distinção foi para o Grand Parc Bordeaux, dos arquitectos Frédéric Druot e Christophe Hutin, do atelier Lacaton & Vassal, que em 2016 venceram o Prémio Carreira da Trienal de Arquitectura de Lisboa.
O projecto de renovação de três edifícios de habitação social em Bordéus, França, dos arquitectos Lacaton & Vassal, venceu esta quarta-feira o Prémio de Arquitectura Contemporânea da União Europeia Mies van der Rohe 2019, anunciou a fundação que instituiu o galardão.
O Grand Parc Bordeaux, dos arquitectos Frédéric Druot e Christophe Hutin, do atelier Lacaton & Vassal – distinguidos com o Prémio Carreira pela Trienal de Arquitectura de Lisboa, em 2016 –, consistiu na transformação de três edifícios de habitação social, construídos no início dos anos 1960, num complexo moderno de 530 residências, após a sua demolição ter sido descartada. A transformação das habitações totalmente ocupadas começa no interior, onde os arquitectos deram, a cada casa, novas qualidades como mais espaço, mais luz, mais vista e melhoria das instalações, destaca a Fundação Mies van der Rohe, que instituiu o prémio em 1987, com a Comissão Europeia.
“A adição de grandes jardins de Inverno e varandas dão a oportunidade de desfrutar de mais espaço, mais luz natural, mais mobilidade de uso e mais vistas. As janelas são substituídas por grandes portas de correr envidraçadas que se abrem para o jardim de Inverno. As instalações técnicas são modernizadas (...) Novas salas de acesso são feitas e os jardins em frente ao edifício são melhorados”, lê-se na descrição do projecto no site oficial dos prémios.
O prémio Arquitectura Emergente 2019 foi atribuído a outro estúdio francês, BAST, pelo projecto School Refectory – um novo refeitório em extensão da escola existente em Montbrun-Bocage, na região de Haute-Garonne, junto aos Pirenéus franceses. O projecto inclui uma fachada envidraçada, que mantém a transparência em relação à paisagem circundante.
Os vencedores do Prémio de Arquitectura Contemporânea foram escolhidos a partir de uma lista de 383 obras nomeadas, de 238 cidades de 38 países, das quais resultaram apenas cinco finalistas: a Clínica Psiquiátrica Caritas, em Melle, na Bélgica (atelier Architecten de Vylder Vinck); o Centro de Congressos de Plasencia, em Espanha (atelier Selgascano); a praça Skanderbeg, em Tirana, na Albânia, que juntou arquitectos de três países na sua autoria; e o edifício multiusos Terrassenhaus, em Berlim (ateliers Muck Petzet e Brandlhuber); além do projecto vencedor.
O júri deste ano foi composto por Dorte Mandrup (presidente), Frank McDonald, María Langarita, Kamiel Klaasse, Stefan Ghenciulescu, Angelika Fitz e George Arbid.
Na edição anterior, em 2017, os holandeses NL Architects e a XVW Architectuur foram os vencedores do prémio, em Amesterdão, com o projecto DeFlat.
No valor de 60 mil euros, o prémio instituído pela Comissão Europeia e pela Fundação Mies van der Rohe, com sede em Barcelona, é considerado um dos galardões de maior prestígio na área da arquitectura. Com periodicidade bienal, distingue projectos de arquitectura construídos nos dois anos que precedem a sua atribuição.
O prémio de Arquitectura Emergente, para profissionais no início da carreira, é dotado de 20 mil euros.
O prémio toma o nome do arquitecto de origem alemã Mies van der Rohe (1886-1969), terceiro e derradeiro director da escola Bauhaus, fundada há cem anos, na Alemanha, que se fixou nos Estados Unidos depois da tomada do poder pelas forças nazis, em 1933.
O projecto do arquitecto português Álvaro Siza para o antigo Banco Borges e Irmão, em Vila do Conde, foi distinguido na primeira edição do prémio, em 1988.
A entrega dos prémios deste ano realizar-se-á no próximo dia 7 de Maio, em Barcelona, na sede da Fundação Mies van der Rohe – o pavilhão desenhado pelo arquitecto alemão, para a Exposição Internacional de 1929.