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A Margem do Tempo

São a mesma pessoa em palco e, na vida, além de viverem juntas, admitem ser muito parecidas. Mais: garantem ser “almas gémeas”, unidas por “um amor especial”. Depois de uma paragem para descansar, Eunice e a neta Lídia estão, desde o último fim-de-semana, de regresso com A Margem do Tempo, no Auditório Municipal de Oeiras, aos sábados e domingos.

Paulo Pimenta
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No fim de Julho, quase três meses depois de um sonhado regresso aos palcos, a anunciada última digressão de Eunice Muñoz, de 93 anos, foi suspensa e a actriz internada no Hospital de Santa Cruz, em Carnaxide. Depressa houve notícias de um AVC ou de um enfarte, mas a família esclareceu que Eunice apenas precisava de descansar. E assim foi: cerca de três semanas depois do internamento, recebeu alta e preparou o regresso de uma peça que é também uma passagem de testemunho à neta, a actriz Lídia Muñoz.

A Margem do Tempo, peça de Franz Xaver Kroetz (com o título original de Música Para Si, tornada filme, em 1978, com Isabel de Castro, dirigida por Solveig Nordlund), coloca avó e neta como duas faces da mesma moeda, da mesma pessoa, à medida que uma idosa senhora Rasch (Eunice Muñoz) evoca as memórias de si mesma, muitas décadas antes, que se materializam na forma de uma menina Rasch (Lídia Muñoz).

Pela cena, copiam-se gestos, ainda que muitas vezes opostos e que reflectem a evolução da mulher à medida que os anos passaram por si. A menina Rasch fuma de forma compulsiva; a senhora Rasch já deixou o vício de parte. Mas o seu olhar esconde mais compreensão do que censura — ou deveria ser autocensura?

Não há falas, mas não é o silêncio que toma conta da sala. Antes, ecoa a música de Nuno Feist, composta especificamente para criar este diálogo sem palavras, que pouca falta fazem, tal a intensidade da conversa entre as duas. E é a própria Eunice que o confirma: “Sinto o silêncio [da peça] como uma grande conversa”, disse em entrevista ao PÚBLICO.

Mas a cumplicidade em palco é apenas uma extensão do que ambas experienciam na vida, em todos os (muitos) bocadinhos que passam juntas, como o fotojornalista Paulo Pimenta pôde testemunhar nos bastidores d’ A Margem do Tempo​, em que mesmo quando há silêncio, e as tarefas rotineiras se impõem, da maquilhagem ao guarda-roupa, se sente um diálogo constante. Carla B. Ribeiro

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