Venezuela
Este casal salva preguiças e ajuda-as a voltarem (lentamente) à natureza
Haydee e Juan Carlos Rodriguez estavam a levar um dos seus cães ao veterinário na Venezuela, em 2020, quando encontraram uma preguiça na estrada. Tinha caído de uma linha de electricidade, depois de aparentemente ter sofrido um choque eléctrico.
O casal pegou na preguiça-comum — frequentemente avistadas em algumas partes da América do Sul e Central — e levou-a ao veterinário. Conseguiram salvá-la, embora o animal tenha perdido dois membros posteriores e as garras do seu braço esquerdo, e chamaram-lhe Chuwie, em homenagem a Chewbacca, a personagem peluda do Star Wars.
Por causa dela, decidiram abrir um abrigo para acolher outros animais vulneráveis na sua casa, nos exuberantes subúrbios da capital venezuelana, Caracas. O Chuwie the Gentleman Rescue Center reabilitou até agora mais de 40 preguiças e devolveu-as à natureza. Nenhum deles é veterinário, mas aprenderam a prestar cuidados básicos depois de frequentarem uma formação online com peritos no Chile e na Costa Rica. As necessidades de financiamento são limitadas, porque as preguiças geralmente comem folhas. Os amigos veterinários no Chile enviam-lhes doações de medicamentos.
Os ferimentos de Chuwie fizeram com que não conseguisse sobreviver na natureza, pelo que vive ainda na casa de dois andares dos Rodriguez, em San Antonio de Los Altos, um subúrbio de Caracas rodeado por uma floresta verdejante que serve de habitat natural para as preguiças.
As outras preguiças que regressam à natureza recebem números, em vez de nomes, porque os Rodriguez não querem que se habituem às pessoas. Na América Central e do Sul vivem seis espécies de preguiças, segundo o Programa das Nações Unidas para o Ambiente, que afirma que os seus habitats naturais são perturbados pela desflorestação e degradação das florestas tropicais. Apenas a preguiça-anã-de-três-dedos (bradypus pygmaeus), que vive no Panamá, está criticamente ameaçada, de acordo com a agência das Nações Unidas.
O casal quer fazer investigação sobre a população de preguiças na Venezuela, já que, segundo a Reuters, nem sequer é conhecido o número de animais que habitam no país.
No último mês, passaram nove dias a tratar o ferimento no olho e a infecção respiratória da preguiça 43, que chegou até eles depois de uns vizinhos a encontrarem no parque de estacionamento de um prédio. A 30 de Julho, ajudaram a fêmea de quatro quilogramas a regressar ao seu habitat natural e ficaram a vê-la, enquanto se voltava a aventurar sozinha pela vegetação.