Palcos da semana
Praga em Guimarães, Kubitschek no Fundão, Úria a Solo e Lisboa entre marionetas e um “museu efémero” de arte urbana.
Um novo museu efémero
Banksy, Vhils, Bordalo II, Invader, André Saraiva, Os Gêmeos, Felipe Pantone, Futura 2000, Finok e Jason Revok, entre outros, assinam as mais de cem obras que enchem os pisos, paredes e corredores de um edifício da Lx Factory. Assim se desenha a primeira edição do EMUA - Ephemeral Museum of Urban Art. Montada no fecho da Lisbon Week (dedicada a Alcântara) e composta por quatro exposições, quer dar a “conhecer a arte que começou como vândala, de carácter subversivo, explosivo e jubiloso (...) e ressoou em todos os continentes numa linguagem visual imaginada de forma radical”, explica a organização. Uma sala de cinema, pintura ao vivo, workshops e uma loja temática completam a moldura.
Uma baleia a repuxar o FIMFA
Depois de ter celebrado o 20.º aniversário, em Agosto, a mostrar como se Descon'FIMFA, o Festival Internacional de Marionetas e Formas Animadas de Lisboa volta ao formato habitual, espalhado por nove espaços e movido pelos verbos “resistir, recomeçar, renovar, reconstruir, reinventar”, anuncia a organizadora A Tarumba. Os fios da 21.ª edição começam a ser puxados no D. Maria II, onde uma baleia gigante convive com outras 50 marionetas, alguns humanos, projecções de vídeo e uma orquestra. Moby Dick, a versão construída pela Plexus Polaire a partir do clássico de Herman Melville, é o primeiro de 15 espectáculos (muitos deles, adequados a crianças e famílias), a cargo de uma dezena de companhias, que trilham e conjugam propostas estéticas diversas. O programa paralelo alinha-se por entre workshops, conversas, cinema e encontros com criadores.
Temporada de Praga em Guimarães
Um Info Maníaco (André e. Teodósio) entra em palco com “um manual de guerrilha para os tempos modernos” recheado de “karaoke, provérbios e danças estranhas”. É assim que o Teatro Praga descreve a peça que se prepara para estrear em Guimarães. Não é a única: MacBad, direccionada aos mais novos, também sobe ao palco pela primeira vez, durante os quatro dias em que a companhia “ocupa” a cidade. A temporada passa ainda por entradas no Dicionário de José Maria Vieira Mendes, nome de uma oficina baseada num texto dramático seu; pela projecção de SuperNatural, filme performativo de um trabalho em progresso com a companhia Dançando com a Diferença e o realizador Jorge Jácome; e por conversas com membros do grupo.
Contenção pós-confinamento
Em Janeiro, Samuel Úria não pôde completar a digressão que tinha planeado. Mas a contenção não lhe tolheu os movimentos musicais: pegou em três Canções do Pós-Guerra (o álbum que lançou em 2020), juntou-lhe outras tantas e fez uma edição especial em registo Solo. Em jeito de testemunho da “melancolia real dos primeiros dias de 2021” – palavras do próprio – entregou-se a outro tipo de solidão, a do estúdio, e despiu-as para a atmosfera intimista de apenas uma voz e um instrumento por canção. É neste tom que se apresenta nos concertos que aí vêm.
Kubitschek a descer a Avenida
A Este - Estação Teatral vai finalmente, após sucessivos adiamentos por conta da pandemia, continuar a percorrer A Avenida, a trilogia teatral que criou para “reflectir sobre o espaço da cidade e, inevitavelmente, sobre a utopia e a felicidade”. De Salazar a Kubitschek estreia-se então com uma narrativa apontada à década de 1960 e a um momento particular: a visita ao Fundão do Presidente do Brasil Juscelino Kubitschek. A peça sucede a Uma Chama Viva Onde Quer Que Viva, que remetia para os anos 1940 e 50, e antecede uma anunciada Liberdade focada nos 1970. Encenado por Nuno Pinto Custódio e concebido colectivamente pela companhia beirã, o tríptico deve o título a uma artéria emblemática da cidade, a Avenida da Liberdade.