Arquitectura
A natureza entra por esta casa adentro, em Celorico de Basto
A construção da Casa dos Sobreiros, em Celorico de Basto, deixou o terreno “quase imaculado” e transformou o edifício numa extensão da natureza, às mãos de Hugo Pereira e Diogo Jordão.
Já há algum tempo que Hugo Pereira e a mulher “namoravam” aquele terreno, em Celorico de Basto. Os sobreiros, os carvalhos e a envolvência com a natureza tornaram o lote numa oportunidade imprescindível e o arquitecto, em conjunto com Diogo Jordão, não resistiu em criar um diálogo entre a natureza e a arquitectura nesse mesmo local.
Foi assim que nasceu a Casa dos Sobreiros, um volume cinzento e envidraçado, que deixou o terreno, situado numa área de protecção natural por causa da existência de sobreiros, “quase imaculado”, acabando por se tornar a casa de Hugo. Segundo conta ao P3, o objectivo era “sentir a natureza tanto no interior como no exterior” e foi por essa razão que decidiu “abri-la praticamente toda para a paisagem”, de forma a ter “sempre contacto visual com a natureza”.
Virada para nascente sul, e aqui fotografada por Ivo Tavares, a iluminação natural foi outra das características que Hugo decidiu explorar. “Tivemos o cuidado de trabalhar com a luz solar, daí a casa ser totalmente envidraçada nas fachadas interiores. Queríamos uma construção que nos desse uma iluminação quase constante na casa, que aproveitasse o máximo de sol possível o ano todo”, conta.
A homogeneidade do espaço, sem perder os seus traços modernos, foi outro dos objectivos do arquitecto. Construída maioritariamente em betão, por ser o material mais parecido com troncos de sobreiro, a inclinação nas fachadas sugere uma continuidade do terreno, “dissimulando a casa no espaço e na natureza”.
No entanto, o maior desafio para Hugo Pereira não foi tornar a natureza numa parte integrante da moradia, mas sim construir um lar para si próprio. “Uma pessoa quer colocar no papel tudo o que gosta e, por vezes, é difícil de prescindir de algo. Temos de ser cautelosos, se não o resultado final fica um pouco estranho. Nós adoramos, por exemplo, pés-direitos duplos e triplos e tivemos de abdicar deles.”
Texto editado por Amanda Ribeiro