Cinco maneiras de ajudar os seus filhos a alimentar as amizades
O confinamento trouxe uma grande dose de desafios às amizades entre os mais novos, para quem uma relação social baseia-se no contacto físico. Mas há formas de ultrapassar os obstáculos e alimentar as amizades das crianças e dos adolescentes.
Há algumas semanas, apercebi-me de que já se tinha passado algum tempo desde a última vez em que a minha filha de 12 anos tinha entrado pelo meu meu quarto enquanto estava no FaceTime com os seus BFFs (melhores amigos para sempre, do inglês “best friends forever"). E, após um ano disto, todos eles provavelmente pensam que eu vivo no meu roupão de banho.
E, quando lhe perguntei como estavam os amigos, ela encolheu os ombros e disse-me as palavras que eu pensava nunca vir a ouvir: “Estou um pouco cansada de falar com eles”, murmurou, lamentando-se de volta para o seu quarto para ler mais um livro feito para fãs do Harry Potter.
Fui atrás dela, a pensar que precisaria talvez de um tipo de intervenção a envolver gelados e uma maratona de musicais de liceu, até compreender que ela não estava de facto farta de falar com eles. Antes, ela estava farta de falar com eles através de ecrãs.
Sheryl Ziegler, psicóloga e autora do livro Mommy Burnout, considera que esse cansaço faz sentido. “Conversar não é o ponto central das relações sociais antes de se chegar à fase adulta. As crianças brincam e participam em actividades em conjunto, depois riem-se e falam sobre o que fizeram. Hoje em dia, não têm essas experiências partilhadas, por isso é importante criar essas oportunidades, quando possível.”
Para muitas crianças, depois de quase um ano em casa, a combinação de aprendizagem e socialização online está a causar fadiga. Breshaun Joyner, professora de Inglês do 8.º ano na Escola Preparatória de Santa Fé no Novo México, EUA, e mãe de um rapaz de 16 anos, concorda. “No início, a escola online era inovadora e, por isso, de certa forma, mais tolerável. Depois envelheceu, e agora, está a ser quase insuportável “, avalia. Ela já viu crianças passarem do trabalho em secretárias e mesas a deitarem-se na cama e a esconderem-se nos seus capuzes cinzentos.
Todos sabemos que a interacção social tornaria as crianças muito mais felizes, que é o que Breshaun Joyner está a assistir, em pequenas doses, à medida que os seus alunos adolescentes transitam de um horário totalmente online para um modelo híbrido. Mas, para as crianças que não têm essa opção, ela acredita que é preciso “dar-lhes um tempo verdadeiramente social nos ecrãs”.
Com isso em mente, decidi que, em vez de transformar o peso da minha filha em pipocas de microondas e de dar uma nova oportunidade ao muito adorável Zac Efron de 2006 revendo High School Musical, ofereceria algumas formas criativas de ela poder ver em segurança os seus amigos nos ecrãs – não obstante a sua omnipresença na minha casa enquanto no FaceTime...
Embora estas cinco ideias possam exigir um pouco de organização e gestão da parte de um progenitor, o esforço vale bem a pena, mesmo que apenas por uma ou duas horas enquanto eles estão com os seus amigos, para ter uma criança feliz de volta. Como Ziegler enfatiza: “Temos de continuar a incutir esperança nos nossos filhos, recordando-lhes que nem sempre será assim, e dando-lhes coisas pelas quais ansiar.”
Transmitir um filme em conjunto
Ver um espectáculo ou filme juntos é uma maravilhosa experiência partilhada que dará às crianças muito para processar e falar bem depois de terminado. Os seus filhos podem já estar a ver filmes com amigos em casas diferentes através de conversas de vídeo e a começar o mesmo filme ao mesmo tempo, e depois a teclar em silêncio nos seus telefones.
Mas vários serviços de streaming criaram as suas próprias funcionalidades de watch-party, tornando a experiência muito mais divertida – e mais parecida com uma noite de cinema propriamente dita. Teleparty, anteriormente Netflix Party, sincroniza a reprodução de programas ou filmes em Hulu, Netflix e HBO, bem como Disney+ (embora tenha GroupWatch, a sua própria versão desta funcionalidade), para que todos possam assistir ao mesmo tempo. Depois, podem iniciar uma sala de conversação privada para falar sobre o que está a acontecer no ecrã ou sobre qualquer outra coisa. Tudo isto enquanto fazem uma pausa dos seus telefones.
Criar um podcast diário
As crianças estão realmente a sentir falta de todos aqueles pequenos momentos sociais, tais como cumprimentar-se uns aos outros no corredor ou deitar conversa fora nos intervalos. Pode ajudá-los a recriar um pouco disso com Cappuccino, uma aplicação que lhes permite criar um podcast de grupo que é enviado a todos os colaboradores na manhã seguinte às 7 horas. Além disso, eles ouvem as vozes dos seus amigos.
Durante o dia, as crianças podem partilhar clips áudio na aplicação, que depois se misturam com música de fundo e se transformam num podcast. É uma forma tão inteligente para as crianças acompanharem os seus amigos e partilharem partes do seu dia sem o constante “ping” das notificações do chat.
Almoçar numa cafetaria Zoom
Embora o almoço na escola não dure muito tempo, há muita socialização que acontece durante esse tempo (e no intervalo, para as crianças mais novas) que não está a acontecer de todo agora. Por isso, para as crianças que estão a fazer a escolaridade virtual ou híbrida, poderia ser criada uma hora de almoço online em que pudessem usar o Zoom.
Se as crianças estiverem no mesmo ano, há a hipótese de terem horários de almoço semelhantes, pelo que será apenas uma questão de criar uma reunião Zoom para que elas usem e talvez montar uma refeição ao estilo de almoço escolar.
Organizar um clube virtual
Embora um clube tenha definitivamente um toque mais formal do que ligar a um amigo para um chat de vídeo, uma reunião agendada para crianças que perderam muitas das suas anteriores actividades extracurriculares pode não ser uma ideia assim tão má.
Poderia fazer algo mais formal, tal como um clube de línguas estrangeiras ou de ciências, ou procurar uma festa de dança ou uma rota de artesanato. Esta é também uma oportunidade de recorrer aos serviços de bailarinos, artistas e outros intérpretes que possam estar à procura de oportunidades remuneradas, dada a desolação das suas indústrias neste momento.
Seja qual for a sua decisão, tente torná-la uma ocorrência regular, para que os seus filhos tenham algo por que ansiar todas as semanas.
Partilhar uma conta TikTok
Poderia ganhar alguma credibilidade de pai e mãe fixe lançando a ideia de uma conta TikTok partilhada, embora haja uma hipótese de os seus filhos já terem uma se estiverem na aplicação. Eles criam essencialmente uma conta de grupo com informações de login partilhadas. Uma vez publicados os vídeos, quem tiver acesso à conta pode fazer um dueto!
É claro que existem algumas regras e logística que os pais dos proprietários da conta podem querer discutir – porque os pais têm uma vasta gama de opiniões sobre os seus filhos nesta aplicação. Contudo, no espírito de conhecer as crianças onde elas estão (sim, estão no TikTok!), esta poderia ser uma oportunidade para esticarem os seus músculos criativos e obterem o tempo com os amigos que desejam.