Qualquer trabalhador que tenha transformado a sua casa em escritório reconhece que o seu trabalho começa a infiltrar-se em todas as divisões, a toda a hora, fazendo misturar os momentos pessoais com os profissionais. Mas Jessica DeGroot não é uma trabalhadora comum pois, como directora da consultora ThirdPath Institute, é uma especialista em equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
“O trabalho estava a controlar-me completamente e eu estava a ficar cada vez menos eficiente”, conta DeGroot, que trabalha no seu escritório doméstico em Filadélfia, enquanto o marido usa a cozinha como espaço de trabalho. “Só pensei: preciso de fazer algo diferente.”
De acordo com a sondagem Pulse of the American Worker, conduzida pela Prudential Financial, citada pela Reuters, quase seis em cada dez trabalhadores dizem que a pandemia tornou os seus dias de trabalho menos definidos. Cerca de 60% dos que estão em teletrabalho dizem que as distracções da família, colegas de casa e animais de estimação dificultam a realização do trabalho, de acordo com um estudo da seguradora Chubb. Apenas uma minoria, 43%, afirma ter tido sucesso em manter o trabalho e a família separados.
Isto não é sustentável, especialmente à medida que a pandemia global se arrasta. Somando as preocupações com as crianças e os idosos, a educação online e tecnologia que nos torna constantemente disponíveis. “Descobrimos que geralmente as pessoas estão a trabalhar bem em casa. Contudo, a principal preocupação é o equilíbrio entre vida pessoal e profissional”, declara Adam Pressman, sócio em Atlanta da consultora Mercer.
Não é que esse quebra-cabeça de separa a vida profissional da pessoal seja intrinsecamente insolúvel. Mas requer que as pessoas repensem as suas prioridades, reorganizem a forma como os seus dias são organizados e pensem até no espaço físico. Da parte dos empregadores também requer a sua compreensão.
Afinal, não é do interesse de ninguém que os trabalhadores estejam de plantão 24 horas por dia, sete dias por semana, forçado a misturar trabalho e preocupações familiares. Por isso, aqui ficam algumas dicas para lidar com o teletrabalho:
Aprenda a desligar
Segundo a sondagem da Prudential, num ano em que muitos estiveram a maior parte do tempo fora do seu local de trabalho, 65% das pessoas tiraram menos licenças do que no ano passado. Provavelmente não o fizeram com medo de perder o emprego, mas também porque as restrições por causa do coronavírus tornaram mais complicada a realização das férias.
“Todos precisamos de tempo para recarregar, mesmo que seja apenas à noite e nos fins-de-semana”, diz DeGroot. “Aprenda a realmente desligar co trabalho, e então estará muito mais revigorado às segundas-feiras.”
Se possível, delegar
Nenhum de nós é sobre-humano e capaz de conciliar todas as tarefas da vida doméstica e pessoal ao mesmo tempo. Portanto, se tiver capacidade monetária, a pessoa deve procurar um explicar online para ajudar os filhos com os trabalhos de casa; contratar um serviço de entrega de refeições preparadas para aliviar a carga doméstica.
Se não tem recursos para pagar esses serviços, procure partilhar as tarefas diárias com o companheiro, amigos ou familiares, ou mesmo, criando redes com os vizinhos. “Encontrar outros mecanismos de suporte pode ser uma estratégia importante”, diz Pressman, da Mercer. “Mas exige muito mais planeamento, delegação e disciplina. Isso ajudará as pessoas a ter mais tempo para a família”, acrescenta,.
Use um ritual
Quando a jornalista freelance Renée Sylvestre-Williams, de Toronto, Canadá, termina o seu dia de trabalho — actualmente, o seu escritório está montado na mesa da sala do condomínio —, faz exercício física, toma um banho e veste roupa confortável. “Essa rotina ajuda-me a fechar o meu dia de trabalho”, justifica.
Para DeGroot, por exemplo, o seu antídoto é ter um espaço de tempo, que acontece todas as semanas, às quarta-feiras de manhã, só para ela. “Não só dei a mim mesma uma pequena pausa durante a semana, como me tornei mais eficiente à segunda e terça-feira”, diz. “Tem sido o paraíso.”