Realizador de Roma em campanha pelos direitos das empregadas domésticas durante a pandemia
O cineasta mexicano Alfonso Cuarón associa-se à campanha “Cuida de quem cuida de ti”.
O aclamado realizador Alfonso Cuarón junta-se às vozes que apelam ao respeito pelos direitos das empregadas domésticas no México, durante o período da pandemia de covid-19. A sua ligação ao tema não é nova. No ano passado recebeu o Óscar para melhor realizador com o filme Roma, que aborda a vida de uma família, da qual as empregadas domésticas são o equilíbrio.
Alfonso Cuarón torna-se assim no rosto da campanha “Cuida de quem cuida de ti”, lançada pelo Centro de Apoio e Capacitação para Empregadas do Lar (CACEH), uma organização mexicana que luta pelos direitos destes trabalhadores. Por um lado, o objectivo passa por apelar aos empregadores que continuem a pagar os salários às empregadas domésticas durante o período de quarentena, o que Cuarón considera “uma responsabilidade” numa altura de “incerteza”, citado esta terça-feira pela BBC. “O objectivo desta campanha é lembrar a importância de tomar conta daqueles que cuidam de nós e do respeito que os trabalhadores, que estão no centro da nossa sociedade e economia, merecem”, defende o realizador.
Através da rede social Twitter, Yalitza Aparicio, a actriz principal do filme Roma em que interpreta o papel de uma empregada doméstica indígena, já se associou à iniciativa e ao realizador na divulgação da campanha.
Segundo o CACEH, a maioria dos trabalhadores do sector — num país com cerca de 2,3 milhões de empregadas domésticas — vive do salário diário e não tem benefícios de Segurança Social. Segundo Marcelina Bautista, directora do centro, “42% delas ganham entre um e dois salários mínimos e não um salário profissional, como determina a lei”, cita a AFP. Lembre-se que o salário mínimo diário no país é de 123 pesos (cerca de cinco euros).
Perante a situação de emergência sanitária, decretada pelo governo mexicano a 24 de Março, Bautista admite que estas trabalhadoras “estão sem salário, sem emprego e com a incerteza de se os seus patrões as irão chamar quando a pandemia terminar”.
Com uma população de cerca de 130 milhões de habitantes, o país tem mais de 74 mil casos de infecção confirmados e mais de oito mil mortes devido à covid-19.