Covid-19: A importância do exercício físico nas crianças e nos jovens
Em Portugal, mais de uma em cada dez pessoas morre por ser pouco activa fisicamente. As boas notícias é que a mortalidade diminui com o aumento do tempo de prática de actividade física diária.
Dada a pandemia por COVID-19 e o isolamento social, é importante manter a prática regular de exercício físico cabendo, muitas vezes, aos pais essa tarefa.
Mas qual é a importância da prática de exercício físico?
Em Portugal, estima-se que a inactividade física seja responsável por 8% das doenças do coração, 11% da diabetes tipo II, 14% dos cancros da mama e 15% dos cancros do cólon e recto. A taxa de mortalidade atribuída à inactividade física em Portugal ronda os 14%, ou seja, mais de uma em cada dez pessoas morre por ser pouco activa fisicamente. Boas notícias, a mortalidade diminui com o aumento do tempo de prática de actividade física diária!
As crianças não são suficientemente activas? Também precisam de praticar exercício físico de forma regular?
Devido aos longos períodos diários de aulas e à ocupação do tempo de lazer com actividades sedentárias, as crianças e jovens, que deveriam ser a faixa etária mais activa, não o são tanto quanto o desejável. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 80% dos adolescentes a nível mundial não pratica exercício com a frequência e a intensidade adequadas.
Está provado que pessoas fisicamente activas na infância têm maior probabilidade de manterem comportamentos saudáveis na idade adulta, reduzindo o surgimento de doenças e a mortalidade por inactividade física. Assim, não há tempo a perder nem etapas chaves a desperdiçar! É de tal forma importante aumentar a actividade física nas crianças e jovens, que uma das metas da Direcção-Geral de Saúde (DGS) para 2020 é aumentar para 70% a percentagem de adolescentes que pratica actividade física três ou mais vezes por semana.
E que actividade física é recomendada?
Antes de mais, é importante ressalvar que a supervisão e o ambiente seguro são indispensáveis.
Para bebés que ainda não andam, a DGS recomenda 30 minutos por dia de barriga para baixo, quando acordados. Esta posição ajuda a fortalecer os músculos da cabeça e do pescoço, evitando malformações cranianas e ajudando no desenvolvimento dos movimentos. Até 1 ano de idade, a DGS recomenda brincadeiras no chão (devidamente protegido), quanto mais tempo melhor.
Nas crianças entre 1 e 4 anos, a DGS recomenda pelo menos um total de três horas de actividade física, distribuídas ao longo do dia. Entre os 3 e os 4 anos, recomenda-se que uma dessas horas seja de actividade moderada a intensa. A actividade física nestas idades demonstrou melhorar o desenvolvimento intelectual e dos movimentos.
Exemplos de actividades que podem ser feitas: actividades motoras como saltar de diversas formas, correr, trepar, subir e descer; e actividades de manipulação de objectos como lançar, agarrar, pontapear e driblar.
Nas crianças e jovens com mais de 5 anos, a DGS recomenda períodos de 60 minutos diários de actividade física moderada a intensa. Estas recomendações ajudam a reduzir o risco de doenças como hipertensão arterial (que também existe nas crianças), diabetes e obesidade, ajuda a fortalecer os ossos e os músculos e diminui os sintomas de ansiedade e depressão.
1. Exemplos de actividades para as crianças do 1º ciclo:
Corridas de circuitos com obstáculos para saltar ou rastejar, exercícios de equilíbrio (por exemplo em cima de corda pousada no chão), exercícios de salto coordenado (por exemplo para cada um dos lados de uma corda pousada no chão), pontaria de objectos para um cesto ou um alvo numa parede, cambalhotas em superfície mole.
2. Exemplos de actividades para as crianças do 2º e 3º ciclos:
Tentativa de tocar em partes do corpo do adversário enquanto o adversário o evita, um em prancha e outro salta por cima e vice-versa, elevação de um peso com os braços ou agachamento com peso, ajuda nas tarefas domésticas, corridas de obstáculos.
3. Exemplos de actividades para jovens do ensino secundário:
Actividades semelhantes às dos adultos, disponíveis em várias plataformas online, como Instituto Português do Desporto e Juventude, Ginásio Clube Português, entre outras.
Há outras recomendações?
É também importante uma redução concomitante dos comportamentos sedentários. Até aos 3 anos, não são recomendados períodos de visualização de ecrãs, entre os 3 e os 6 anos estão limitados a 30 minutos por dia, dos 7 aos 11 anos a 60 minutos por dia e a partir dos 12 anos de 120 minutos por dia.
O comportamento dos pais é muitas vezes o adoptado pelos filhos, pelo que, sendo um exemplo, deverão também cumprir as devidas recomendações.
Artigo escrito em parceria com os alunos da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa: Ana Beatriz Simões, Ana Isabel Mendes, Beatriz Teixeira, Catarina Isidoro, Cláudia Silva, Diana Guerreiro, Énia Nóbrega, Joana Carvalho, João Costa, Madalena Costa, Ricardo Almeida e Selmo Pinto