Atirador que matou dez pessoas na Alemanha tinha “motivações xenófobas”
Atacante, 43 anos, foi encontrado morto em sua casa ao lado da mãe, 72 anos. Angela Merkel sublinhou que as provas existentes indicam que o atacante tinha motivações racistas e associadas à extrema-direita.
Pelo menos dez pessoas morreram na sequência de dois tiroteios na cidade alemã de Hanau, durante a noite de quarta-feira. De acordo com as autoridades, o atacante era um homem de 43 anos, nacionalidade alemã, e foi encontrado morto em casa — a polícia acredita que se suicidou depois dos ataques.
O primeiro ataque aconteceu às 22h locais (menos uma hora em Portugal Continental). De acordo com o jornal germânico Bild, o suspeito abriu fogo sobre pessoas que estavam num bar de shisha (cachimbos de água) localizada na praça central da cidade. Pouco tempo mais tarde, aconteceu um segundo ataque num outro shisha bar em Kesselstadt, bairro na cidade de Hanau, situada 25 quilómetros a Leste de Frankfurt e com cerca de 100 mil habitantes. Do primeiro ataque resultaram três mortes; do segundo cinco. Horas mais tarde, uma das vítimas sucumbiu aos ferimentos, totalizando nove mortes.
Quem frequenta bares de shisha fá-lo para fumar tabaco com sabores a partir de um cachimbo de água, partilhado entre várias pessoas. É uma tradição ancestral em países do Médio Oriente e do sul da Ásia, e posteriormente introduzida em países ocidentais.
O Ministro do Interior do estado de Hesse, Peter Beuth, disse, durante uma conferência de imprensa na manhã desta quinta-feira, que o ataque teve motivos “xenófobos”. O atacante era atirador desportivo com licença de porte de armas. Foi localizado depois de a polícia ter conseguido identificar a morada do dono do carro que usou para fugir.
No interior dessa casa foram encontradas duas pessoas mortas: o suspeito e a sua mãe de 72 anos. A polícia acredita que o atacante cometeu suicídio na sua casa depois de ter fugido. Foram encontradas munições e revistas sobre armas no interior do seu carro, escreve a BBC.
A chanceler alemã Angela Merkel afirmou, horas mais tarde, que as provas existentes indicam que o atacante tinha motivações racistas e associadas à extrema-direita: “Há muitas provas neste momento de que o perpetrador agiu com base no extremismo de direita, com motivos racistas, movido pelo ódio contra pessoas de outras origens, religião ou aparência”.
“O racismo é um veneno, o ódio é um veneno. Este veneno existe na sociedade e é culpado de muitos crimes”, acrescentou, em resposta aos jornalistas.
O ministro do Interior disse ainda que há ainda uma investigação em curso para perceber se o atacante deixou algum tipo de carta a justificar-se — informação avançada pelo jornal Bild — e acrescentou que não é possível, por enquanto, saber com certeza quem estava dentro dos bares de shisha no momento do acidente. Os procuradores estão a investigar o caso como se fosse um caso terrorismo, avança a revista Focus, citando Beuth.
A lei de porte de armas na Alemanha é das mais restritivas no mundo, e foi alterada recentemente para impedir homicídios em massa.
O porta-voz do Governo alemão, Steffen Seibert, escreveu no Twitter uma mensagem de condolências às famílias dos mortos: “As minhas condolências às famílias das vítimas, que estão a chorar os seus mortos. Aos feridos, desejamos uma recuperação rápida”.
Ursula von der Leyen, Presidente da Comissão Europeia, escreveu um tweet onde se mostra “profundamente chocada” pelos ataques.