Teatro
Uma ilha-carrossel que somos nós
Ainda mal ocupamos o nosso lugar na plateia do Teatro Rivoli e já o piano se confunde com o barulho da distribuição das refeições na cabine do avião. Os passageiros adormecem. A tripulação sorve shots pela tampa da garrafa. E faz-se silêncio nos dois mundos. Na nossa plateia e no avião deles que se precipita. Em Crash Park, la vie d'une île, Philippe Quesne inventa uma ilha deserta, cujo ecossistema pacífico será perturbado pela chegada de sobreviventes de um acidente de avião (Robinson Crusoé e Tintim podiam estar entre os resgatados).
Sobreviventes numa ilha, exploradores numa ilha, turistas numa ilha. Um grupo atarefado de actores num grande rochedo, uma caixa de musica, um carrossel que é o actor principal. Eles são um pretexto. Eles transformam-na através dos tempos e dos séculos que a peça parece atravessar. Trata-se de uma fábula sobre as magnitudes e as misérias da natureza humana. Uma metáfora para o presente e uma visão de futuro próximo. Um recomeço. Uma ilha que se destrói e se desconstrói ao ritmo de uma rave ou de uma ópera dramática.