Palcos da semana
O Porto exibe filmes contra o racismo, enquanto o cinema francês entra em festa por oito cidades. Festa faz também o MAAT, a soprar velas e abrir portas. Na música, ouvimos os Mão Morta em alerta climático e o Barreiro a deixar as convenções à porta.
Cinema
MICAR a memória
O Canto do Ossobó, um olhar do santomense Silas Tiny sobre a presença colonial no seu país, é o primeiro dos 18 filmes levados à tela pela sexta edição da MICAR - Mostra Internacional de Cinema Anti-Racista. Boa parte deles terá direito a debate pós-projecção. É o caso da sessão de abertura, mas também de Black Panthers, de Agnès Varda, Handsworth Songs, de John Akomfrah, e Hungary 2018, de Eszter Hajdù, com a presença dela e da plataforma Hubb - Humans Before Borders. Nascido por iniciativa do SOS Racismo, com a missão de “contribuir para uma memória histórica plural e representativa”, o festival oferece também a exposição Caminhos do Colonialismo Português e o MICARzinho, um segmento para crianças e jovens, que combina filmes e actividades pedagógicas.
Museu
Festa em MAAT aberto
The Legendary Tigerman a tocar na sala dos geradores. Na dos condensadores, um festival de curtas-metragens sobre arquitectura. Na cobertura, Alice Joana Gonçalves e Daddy G (Massive Attack) em performance com Palácio Temporário. Na galeria principal, um Salão para o Século XXI montado por Isabel Costa. Um “dragão adormecido” à espera das famílias na sala de comando da Central Tejo. E várias visitas guiadas, com passagem por jogos e percursos secretos. Faz tudo parte da festa do terceiro aniversário do MAAT - Museu de Arte, Arquitectura e Tecnologia, que abre as portas gratuitamente para oferecer estas e muitas outras actividades. Neste fim-de-semana alargado cabe ainda a inauguração de quatro novas exposições: Anima Vectorias, instalação site-specific de Angela Bulloch; Economia de Meios, integrada na Trienal de Arquitectura de Lisboa e comissariada por Éric Lapierr; Dreamers Never Learn (Tidal), instalação de Vasco Barata “em que os visitantes são imersos num ambiente urbano semiabandonado"; e Ama Como a Estrada Começa, trabalhos de João Pedro Vale e Nuno Alexandre Ferreira com Cesariny como inspiração.
Música
Mão Morta no frio
Depois da crise financeira (e política e de valores) de Pelo Meu Relógio São Horas de Matar (2014), a crise que move os Mão Morta é outra: climática. O novo álbum, No Fim Era o Frio, sombrio e cheio de arestas como sempre, é conceptualmente atravessado pela ideia de distopia e absoluta desesperança. Musicalmente, é rock, noise e kraut em módulos em vez de canções. Se o título parece familiar, é por ser igual ao do espectáculo que juntou Adolfo Luxúria Canibal e comparsas à bailarina e coreógrafa Inês Jacques, estreado em Fevereiro, no GUIdance, por desafio do festival.
Cinema
Varda, Trintignant e 20 anos
Oito cidades, mais de 50 filmes, 22 antestreias, 25 convidados. São estes os números da 20.ª edição da Festa do Cinema Francês. A abertura faz-se em Lisboa, com o realizador Hugo Gélin e a actriz Joséphine Japy a acompanharem a projecção de Amor à Segunda Vista. Na lista de presenças entram também Mia Hansen-Løve, Agnès Jaoui, Nicolas Pariser e o veterano Jean-Louis Trintignant, que é alvo de uma retrospectiva. Outra é dedicada à pioneira da nouvelle vague Agnès Varda e inclui o seu derradeiro filme, Varda por Agnès, que a cineasta estreou na Berlinale semanas antes de morrer, em Março deste ano. No cartaz entram também uma selecção de filmes que marcaram as duas décadas do festival, o ciclo Acid (cinema independente em ligação com Cannes), encontros, encontros, masterclasses e sessões para público infanto-juvenil.
Música
Aventureiros ao Barreiro
O Barreiro volta a ser epicentro de movimentos propensos a explorar, desconstruir e dinamitar normas musicais. Na sua 16.ª edição, o Out.Fest - Festival Internacional de Música Exploratória adiciona duas igrejas e um moinho ao já vasto roteiro de locais e recebe aventureiros como Simone Trabucchi, Angélica Salvi, Gabriel Ferrandini, Peter Evans, Deaf Kids, Calhau!, James Ferraro, Dälek, Kali Malone ou Keith Fullerton Whitman. Este apresenta o resultado de uma colaboração inédita, em residência artística, com três músicos portugueses: André Gonçalves, Clothilde e Simão Simões.