Nem tudo o que é amargo é mau — o chocolate negro pode aumentar o bom humor e aliviar os sintomas da depressão. Estes são os resultados iniciais de um estudo desenvolvido por investigadores da University College London (UCL), pela Universidade de Calgary e pela Alberta Health Services Canada.
A equipa analisou uma amostra de mais de 13 mil pessoas nos Estados Unidos e chegou à conclusão de que aqueles que consumiam este tipo de chocolate tinham menos 70% de probabilidade de desenvolver sintomas depressivos em comparação com os participantes que não comiam este doce. O resultado foi o mesmo para os 25% que consumiam chocolate de qualquer tipo.
Factores como a altura, o peso, o estado civil, etnia, educação, actividade física, tabagismo e problemas crónicos de saúde foram tidos em conta para garantir que o estudo medisse apenas o efeito do chocolate sobre os sintomas depressivos.
Os investigadores salientaram que os efeitos do chocolate na disposição das pessoas devem-se, entre outros, às substâncias psicoactivas que contém, ingredientes esses que partilham com a cannabis. A feniletilamina também pode ser encontrada no chocolate e é um neurotransmissor relevante para a regulação do humor. O chocolate negro tem uma maior concentração de flavonóides que, pela sua função antioxidante e anti-inflamatória, se tornam aliados no combate à depressão, em particular, no início da doença.
O estudo sugere que os efeitos benéficos do chocolate só se concretizam se este for saboroso, o que pode significar que o prazer associado à ingestão do alimento é um factor igualmente importante. Apesar disso, é preciso esclarecer que este é apenas um estudo primário: “É necessária uma investigação mais profunda para clarificar a causalidade”, disse a responsável pelo estudo, Sarah Jackson. "Pode ser que a depressão faça com que as pessoas percam o interesse em comer chocolate, ou pode haver outros factores que tornam as pessoas menos propensas a comer chocolate negro e a ficar deprimidas”, continuou a investigadora citada pelo The Telegraph.