Receitas da Huawei crescem 39% apesar de ofensiva de Washington

A pressão do governo de Trump para conter o crescimento da empresa por alegados riscos de segurança não teve grande impacto nas contas do primeiro trimestre da empresa chinesa

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LUSA/WU HONG

A gigante chinesa das telecomunicações Huawei anunciou um aumento homólogo das receitas de 39%, no primeiro trimestre do ano, apesar da pressão de Washington para conter a empresa, por alegados riscos para a segurança.

Num comunicado divulgado na sua página oficial, a maior fabricante mundial de equipamentos de rede revela ter facturado 179,7 mil milhões de yuan (23,8 mil milhões de euros), entre Janeiro e Março. No mesmo período, a empresa vendeu 59 milhões de ‘smartphones’. Caso mantenha esta tendência no conjunto do ano, a Huawei aumentará as suas vendas em 30 milhões de aparelhos. Durante o ano de 2018 as vendas atingiram 90 mil milhões de euros.

Estes resultados acontecem apesar de os Estados Unidos estarem a pressionar vários países, incluindo Portugal, a excluírem a Huawei na construção de infra-estruturas para redes de quinta geração (5G), acusando a empresa de estar sujeita a cooperar com os serviços de informação chineses.

Austrália, Nova Zelândia e Japão aderiram já aos apelos de Washington e restringiram a participação da Huawei.

Sem referir as acusações, a empresa assegura em comunicado que o aumento das receitas até Março se deve a ter “mantido o foco nas infra-estruturas para tecnologia de informação e comunicação e em dispositivos inteligentes”.

Na semana passada, a empresa revelou ter garantido já 40 contratos com operadoras em todo o mundo, para desenvolver redes 5G, mais de metade na Europa.

Fundada por um antigo engenheiro das Forças Armadas chinesas, em 1987, a Huawei é uma empresa privada, mas divulga os resultados visando acalmar preocupações com a segurança. A empresa não detalhou a margem de lucro alcançada no último trimestre, mas revelou um aumento de 8%, face ao mesmo período do ano passado.

Com base nos resultados do ano anterior, os lucros serão de 14,4 mil milhões de yuan (1,8 mil milhões de euros).

No ano passado, as vendas da empresa registaram uma subida homóloga de 19,5%, para 721,2 mil milhões de yuan (94,8 mil milhões de euros), impulsionadas por ganhos de dois dígitos nas unidades para consumidores e corporações.

No entanto, as vendas para operadoras de telecomunicações e Internet fixaram-se no mesmo valor do ano anterior, em 294 mil milhões de yuans (55,4 mil milhões de euros).

Na semana passada, Ken Hu, presidente executivo (CEO) da Huawei, previu um crescimento de “pelo menos 10%” nas vendas para operadoras de telecomunicações e Internet, em 2020, à medida que as redes de 5G ganham ímpeto.

O responsável revelou que a empresa vendeu já 45.000 estações base para o 5G e que espera que 6,5 milhões de estações tenham sido implantadas em todo o mundo, até 2025, abrangendo 2.800 milhões de pessoas.

As redes sem fio 5G destinam-se a conectar carros autónomos, fábricas automatizadas, equipamento médico e centrais eléctricas.

“O 5G não é apenas mais rápido do que o 4G: é uma revolução na conectividade, que tornará tudo possível ‘online’, em qualquer altura, proporcionando uma conectividade verdadeiramente omnipresente”, afirmou Ken Hu.

Em Dezembro do ano passado, durante a visita a Lisboa do Presidente chinês, Xi Jinping, foi assinado entre a Altice e a empresa chinesa um acordo para o desenvolvimento da próxima geração da rede móvel no mercado português.