Na nova colecção de 230 ícones, que vão chegar aos smartphones este ano, está uma gota de sangue para simbolizar a menstruação. O objectivo: destruir o estigma em torno do período, falando sobre ele.
Lucy Russel, directora geral da Plan International UK, uma associação que defende os direitos de meninas e que tem feito lobbying pelo ícone há já dois anos, reconhece “o passo gigante em direcção à normalização do período”, cita a Vogue britânica.
O pedido para ter um emoji foi feito pela associação na sequência de uma sondagem junto de mulheres entre os 18 e os 34 anos, que revelou que 47% das mesmas acreditavam que um emoji tornaria mais fácil falar sobre o período com amigas do mesmo sexo e com os parceiros. Contudo, Russel admite que a introdução do emoji não vai erradicar totalmente o estigma, “mas pode ajudar a mudar o discurso”.
A sexóloga Vânia Beliz considera que esta pode ser uma forma “mais fácil de falar sobre algo que é transversal a praticamente todas as mulheres”, mas que ainda é um tabu, diz ao PÚBLICO.
A especialista acrescenta que os ícones vão servir essencialmente para a troca de mensagens entre mulheres. Antes “falávamos [sobre o período] através de nomes ridículos: a 'história', o 'Benfica', o 'chico'... Isto agora é substituído por outros símbolos”, podendo ser “uma forma divertida e interessante para as mulheres se abrirem mais sobre este tema”, defende.
Esta notícia, porém, não foi bem recebida por todos. No Twitter, muitos têm sido os comentários negativos, associando a palavra “nojo” ao emoji.
Face ao teor dos comentários, a sexóloga questiona-se sobre o porquê deste emoji ser polémico, enquanto os que surgiram para representar relações sexuais não o são; e argumenta: “Menstruar faz parte da vida das mulheres e dos casais – porque isso também nos condiciona: quando temos dor, quando temos desconforto… É importante para nós como um sinal, uma vez que a ausência pode significar que podemos estar grávidas. O período tem um papel muito importante na vida das mulheres, portanto acho que é tão polémico como qualquer outro.”