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“Pedimos autorização para aterrar na água, na água! O avião está incontrolável” — ouça o áudio da emergência aérea

Foram minutos de muita tensão em que, sem controlo sobre o avião e com fraca visibilidade, a tripulação de um Embraer da Air Astana e os controladores aéreos do Aeroporto de Lisboa ponderaram este domingo a realização de uma amaragem no Tejo. A Força Aérea acabaria por entrar em acção e conduzir a aeronave para Beja.

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LUSA/NUNO VEIGA

Mayday, mayday, mayday.” O relógio marca 13h32 quando, este domingo, os controladores aéreos do Aeroporto Humberto Delgado ouvem uma declaração de emergência da tripulação de um Embraer ERJ-190 da companhia aérea cazaque Air Astana. O aparelho tinha acabado de descolar de Alverca, onde estava a ser alvo de manutenção nas oficinas da OGMA. A bordo estão seis pessoas e o aparelho está fora de controlo.

13h34 – Minuto e meio depois da primeira declaração de emergência, a tripulação do avião volta a entrar em contacto com Lisboa, indicando a sua localização e altitude. “Perdemos o controlo”, acrescenta.

“Têm contacto visual com Alverca?”, pergunta Lisboa. O primeiro plano passa por uma aterragem de emergência no aeródromo, mas a tripulação expressa dúvidas sobre a possibilidade de encaminhar o avião para a pista. “Vire à direita ou à esquerda, como desejar”, responde Lisboa. O avião tem caminho aberto para Alverca, mas a hipótese será abandonada rapidamente.

“Temos problemas no controlo do voo, talvez tenhamos perdido a capacidade de controlar o voo”, ouve-se.

13h40 – A tripulação declara pela primeira vez que não vai conseguir realizar uma aterragem convencional e pede autorização para amarar (ditching é o termo utilizado em inglês): “Pedimos para aterrar na água. Na água! Mayday, precisamos de um vector para o mar, para longe de terra.” A controladora aérea de Lisboa não consegue ouvir a informação e pede para repetir a comunicação. “Pedimos para aterrar na água, na água. O avião está incontrolável, é impossível aterrar”, repete a tripulação, que se impacienta: “Precisamos de um vector para o mar, vá lá. Pousar na água!”

13h42 – Após novo pedido de autorização para pousar na água, a controladora área sugere uma amaragem no Tejo: “Têm o rio, pela esquerda ou pela direita. É a coisa mais próxima.” A tripulação pergunta então a que distância está o mar. “A 40 milhas da vossa posição”, responde Lisboa.

13h49 – Numa altura em que chovia com intensidade na região de Lisboa, a tripulação exaspera-se perante a falta de visibilidade e pergunta onde é que os céus estarão mais limpos. “Penso que a sul o tempo está melhor”, responde Lisboa. “A sul o tempo está melhor, ok…”, repete a tripulação.

13h51 – Lisboa pergunta quantas pessoas estão a bordo e quais os níveis de combustível do aparelho. “Seis pessoas a bordo, problemas no sistema de controlo, agora temos controlo manual, pedimos autorização para pousar no mar, se possível”, repete a tripulação do avião cazaque.

“Prefere o mar e não o rio?”, pergunta Lisboa. “Talvez o mar seja melhor, se for possível, por favor. Precisamos de mais espaço. E de melhor tempo”, respondem do Embraer.

As condições atmosféricas adversas levariam por fim ao abandono do plano de amaragem. A Força Aérea Portuguesa acabaria por ser accionada e, em 18 minutos, dois caças F16 colocaram-se ao lado do Embraer cazaque, acompanhando-o durante “cerca de uma hora” até ao aeroporto de Beja.

Após duas tentativas falhadas, a aeronave aterraria em segurança no aeroporto alentejano. Dois dos tripulantes, um piloto do Cazaquistão e outro natural do Reino Unido, foram assistidos no Hospital de Beja – um com sintomas de ansiedade, outro com um ferimento ligeiro. Ambos já tiveram alta.

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