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Trump não gostou e agora há mais jogadores a ajoelhar-se durante o hino
Vários jogadores da liga norte-americana de futebol americano protestaram no último fim-de-semana, depois das declarações polémicas do Presidente.
"Não vou estar de pé a mostrar orgulho na bandeira de um país que oprime os negros. Para mim isto é mais importante do que futebol e seria egoísta da minha parte se o ignorasse." Foi assim que, há mais de um ano, o quarterback Colin Kaepernick se justificou por ter ficado sentado durante o hino norte-americano num jogo da pré-época da NFL (a liga de futebol americano dos Estados Unidos). Foi o início de um protesto que se prolongou durante os meses seguintes, com Colin a ajoelhar-se ou a sentar-se sempre que a Star-Spangled Banner ecoava antes das partidas do campeonato - e que foi contando com a solidariedade de outros jogadores. Actualmente o jogador não faz parte de nenhuma equipa.
No entanto, o último fim-de-semana marcou um novo patamar neste protesto, com muitos jogadores de várias equipas a optarem por se ajoelhar durante o hino. Um gesto que foi interpretado como uma resposta clara às declarações polémicas do Presidente Trump que, num comício no estado do Alabama na última sexta-feira, desafiou os donos das equipas da NFL a despedirem os "filhos da mãe" que "não respeitam a nossa bandeira".
No Twitter, Trump já tinha afirmado que se enquanto os jogadores não mostrarem respeito pela bandeira e pelo país os adeptos da liga se recusarem a ir aos jogos, as mudanças irão acontecer rapidamente. No comício, para júbilo dos presentes, o Presidente norte-americano elevou o nível de crispação. "Não adorariam ver um desses proprietários da NFL a dizer, quando alguém desrespeita a nossa bandeira: 'Tirem esse filho da mãe do campo imediatamente. Fora! Está despedido!'", afirmou.
A hashtag #takeakneel (#ajoelhem-se) começou a circular nas redes sociais em solidariedade com os jogadores que tomaram essa posição. A expectativa de uma resposta por parte dos jogadores, que crescia à medida que as partidas de futebol americano se aproximavam, acabou por se verificar válida. As imagens registadas nos jogos de sábado e domingo mostram muitos jogadores que decidiram ouvir o hino ajoelhados ou sentados. Em alguns casos, equipas inteiras preferiram aparecer em campo apenas depois de o hino tocar. Uma constante em quase todas as fotografias é uma imagem de unidade, com os jogadores a apresentarem-se de braços dados. O protesto chegou mesmo ao campeonato de basebol, com o jogado Bruce Maxwell, dos Oakland Athletics, também se ter ajoelhado para ouvir o hino.
"Aquilo que se viu foi uma diversidade de respostas sob o tema da unidade", afirmou à CNN uma fonte da NFL. "Em toda a liga, proprietários, treinadores e jogadores juntaram-se para decidir aquilo que é melhor para eles. Se [o Presidente] Trump pensava que podia dividir a NFL, estava errado", acrescentou a mesma fonte.
"Penso que os nossos líderes políticos podiam aprender muito com as lições do trabalho de equipa e sobre a importância de trabalharmos juntos rumo a um objectivo comum", afirmou numa declaração à imprensa Robert Kraft, dono dos New England Patriots, actuais campeões da Liga. "Os nossos jogadores são inteligentes, sensatos e preocupam-se profundamente com a nossa comunidade, e eu apoio o seu direito a fazerem a diferença de forma pacífica bem como a consciencializar de uma forma que eles considerem impactante."
Entretanto, o Presidente Trump, que durante o fim-de-semana prosseguiu através do Twitter a sua cruzada contra os protestos na NFL, procurou acalmar os ânimos também com uma publicação nesta rede social, onde argumentava que "o assunto não tem nada a ver com raça" mas sim com "respeito pelo nosso país, bandeira e hino nacional".