Marcha das Mulheres contra Trump também vai acontecer em Portugal
A marcha contra o novo Presidente dos EUA vai acontecer em Lisboa, Porto, Coimbra, Braga e Faro.
A ideia de associar Portugal ao protesto agendado para Washington contra Donald Trump, conhecido como Marcha das Mulheres, começou no Porto, mas depressa chegou a outras cidades e mulheres portuguesas, contou esta quinta-feira uma das organizadoras.
“Foi uma coisa bastante orgânica e muito pouco institucional”, disse Joana Grilo, organizadora da Marcha das Mulheres de Lisboa, referindo que a ideia inicial foi lançada por um colectivo de mulheres do Portoe que, durante a época do Natal, começou a ser falada por mais mulheres, em outras cidades do país.
A Marcha das Mulheres vai acontecer na capital federal norte-americana no sábado, um dia depois do magnata do imobiliário Donald Trump ter prestado juramento como o 45.º Presidente dos Estados Unidos.
É difícil de prever qual será a adesão ao protesto, mas os organizadores da marcha americana afirmaram esta semana que são esperadas em Washington cerca de 200 mil pessoas, entre elas várias celebridades de Hollywood.
Em Portugal, a marcha vai acontecer sábado à tarde (15h00) em Lisboa, Porto, Coimbra, Braga e Faro, propondo ser uma iniciativa de protesto contra o novo inquilino da Casa Branca e aos comentários sexistas e misóginos que proferiu durante a campanha presidencial, mas também uma acção para reafirmar a luta contra a questão do assédio sexual, segundo afirmou Joana Grilo.
“A questão do assédio sexual é uma luta feminista dos últimos anos. É a luta de podermos estar na rua, de podermos andar na rua, de podermos usufruir do espaço público (...), de uma forma segura, sem sermos atacadas nem objetificadas por isso”, referiu a organizadora.
No caso português, os “piropos” com teor sexual já podem valer pena de prisão até três anos (caso sejam dirigidos a menores de 14 anos), fruto das alterações ao Código Penal estabelecidas em agosto de 2015. Tratou-se de um aditamento ao artigo 170º do Código Penal, “importunação sexual”, o qual criminalizava já o exibicionismo e os “contactos de natureza sexual”.
“Tendo sido Trump a personagem que foi durante a campanha e tendo sido tão voraz na objetificação e na inferiorização da mulher como ser humano (...), fez todo o sentido juntar estas duas lutas, fez todo o sentido dizer que ‘não’, dizer que aquela personagem não está correta, que não o podemos deixar passar, que não tem o direito de fazer isto às mulheres”, frisou Joana Grilo.
“Voltar a dar voz a esta campanha, que é uma campanha na realidade para podermos andar na rua (...) uma liberdade que tomamos como garantida e que não está”, prosseguiu.
Apesar do nome da marcha, Joana Grilo salientou que o apelo à participação vai muito além das mulheres. “É [um apelo] a todos. É interseccional. É o feminismo visto como uma luta interseccional que junta todas as lutas, sejam LGBTI [Lésbicas, Gay, Bissexuais, Trans e Intersexo], sejam afrodescendentes. Todos. Todo o tipo de lutas de minorias, temos de estar juntos para fazer alguma coisa”, defendeu.
“Tememos aquilo que ai vem. Sabemos perfeitamente que a tolerância que hoje existe em Portugal e a sensação de liberdade que começa a existir, e de respeito mútuo que vai existindo, é muito ténue e muito frágil. E temos de lutar para que ela não se desvaneça e para ficar mais forte”, concluiu Joana Grilo.
Em Lisboa, a Embaixada dos Estados Unidos foi o local escolhido pela organização da marcha. No Porto, a iniciativa vai decorrer na Praça dos Poveiros.