Trump encoraja Rússia a piratear conta de email de Hillary Clinton
Os democratas já responderam e afirmam que o pedido de Donald Trump é uma ameaça à segurança nacional. Também o antigo director da CIA questionou a lealdade do candidato republicano aos EUA.
Donald Trump pediu à Rússia para encontrar os e-mails que Hillary Clinton trocou através do seu endereço pessoal durante os anos em que foi secretária de Estado, entre 2009 e 2013. À data da polémica, Hillary pediu desculpa, assumindo o erro e admitindo toda a responsabilidade. “Estou a tentar ser o mais transparente possível", afirmou no programa ABC World News Tonight.
Horas depois de a rival se ter tornado oficialmente a candidata democrata na corrida à Casa Branca, Trump voltou a recuperar a polémica. “Rússia, se estás a ouvir, espero que consigas encontrar os 30 mil e-mails que estão desaparecidos”, afirmou o candidato republicano, acrescentando que acredita numa “recompensa” por parte dos meios de comunicação norte-americanos.
Mais tarde, Trump reforçou o seu "convite" e apelou "à Rússia ou a qualquer outro país que tenha os e-mails ilegalmente eliminados de Hillary Clinton" que os partilhasse com o FBI.
Os democratas não demoraram a responder e acusam Trump de incentivar a Rússia a espiar os EUA e a aceder a segredos e documentos restritos.
"É a primeira vez que um grande candidato presidencial encoraja activamente uma potência estrangeira a espiar o seu opositor político", reagiu Jake Sullivan, conselheiro de política externa de Hillary Clinton. Mais do que curiosidade ou do que um assunto político, o tema é agora uma preocupação de segurança nacional, asseverou.
Também o ex-director da CIA Leon Panetta questionou a lealdade do candidato republicano aos EUA e não afasta uma possível "conspiração" entre Trump e Putin. "Este tipo de afirmações apenas reflecte que [Donald Trump] não está qualificado para assumir o papel de Presidente dos Estados Unidos da América", considerou o antigo director da agência americana, numa entrevista à CNN.
Recentemente, a Rússia foi identificada como possível responsável pelo roubo de milhares de emails enviados e recebidos por alguns membros da liderança do Partido Democrata e que levaram à demissão da presidente do partido, numa tentativa de acalmar os apoiantes de Bernie Sanders.
As declarações de Trump ganham um eco maior depois de o actual Presidente dos EUA ter afirmado que é “possível” que Moscovo esteja a tentar influenciar as eleições norte-americanas para favorecer o polémico candidato republicano. Barack Obama lembrou que Donald Trump tem “repetidamente expressado admiração por Vladimir Putin”, cita a CNN. Em resposta, o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, disse não querer utilizar uma resposta de "quatro letras".