Mickey no país de Confúcio: abre o primeiro parque da Disney na China

O gigante americano entrou no grande jogo chinês, onde construiu o parque de atracções mais avançado da sua história. Mas a concorrência promete ser forte.

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O primeiro visitante a entrar no novo parque da Dinsey REUTERS/Aly Song
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O primeiro parque da Disney na China abriu oficialmente ao público esta quinta-feira, em Xangai. É o último símbolo da cultura americana a fazer a sua entrada no gigante comunista, onde é aguardado por uma nova classe média impaciente por lazer.

Sob uma chuva inclemente, milhares de chineses preparavam-se para a abertura das portas, às 11h30 locais (4h30 em Portugal continental), alguns corriam para serem os primeiros a apreciarem esta primeira “experiência Disney” em solo chinês e para subirem a bordo das montanhas russas futuristas, inspiradas em Tron, a série de ficção científica dos estúdios Disney.

Quarto parque Disney a ver a luz do dia fora dos EUA — e sexto no total — é o primeiro do gigante americano construído na China comunista. Hong Kong já dispunha de um desde 2005.

Os trabalhos de construção começaram em 2011 e o Xangai Disney Resort cobre agora uma superfície de 3,9 km2, com um castelo de contos de fadas e montanhas russas pontilhando o horizonte. A sua inauguração foi ensombrada pela tragédia ocorrida no Disney World da Flórida, onde uma criança de dois anos perdeu a vida, apanhada por um jacaré em frente à sua família.

Com um custo de 5,5 mil milhões de dólares (4,9 mil milhões de euros), sendo um dos mais avultados investimentos estrangeiros na China, o complexo abre numa altura em que a economia do gigante asiático atravessa o período de crescimento mais frágil no último quarto de século.

“Um gesto forte” da Disney

O que importa, garantiu o CEO da Disney, Bog Iger, é que a China é simplesmente demasiado grande para ser ignorada. “Queríamos realizar um gesto forte. Afinal, trata-se do maior mercado mundial”, afirmou aos jornalistas na véspera da inauguração.

“É de longe o local animado com a ambição mais criativa e a tecnologia mais avançada que nós alguma vez construímos”, assegurou. O CEO da Disney concebeu ele próprio o projecto em 1999, realizado em cooperação com o grupo estatal Shanghai Shendi.

Apesar das inquietações suscitadas pela economia chinesa, esta nova Disneyland deverá beneficiar da reorientação promovida por Pequim do seu modelo de desenvolvimento, mais direccionado para o consumo interno, e pelo abandono da política do filho único em favor das famílias com duas crianças.

A Disney espera que os chineses que viram os seus filmes venham ao seu parque, comprem os seus vários brinquedos, recordações e miniaturas das suas personagens — vendidas com licenças — e descubram a extensão do seu catálogo de divertimento, de Mickey a Zootrópolis, a 135.ª e mais recente longa-metragem saída dos seus estúdios este ano.

No país mais populoso do mundo, a Disney estima que 330 milhões de pessoas vivam a três horas de viagem de Xangai, sendo portanto potenciais visitantes.

“Dez anos antes de ser rentável”

Dono de um restaurante na província vizinha de Shandong, Guan Song veio com a sua mulher e a filha de seis anos. A família pretende passar aqui dois dias, depois de ter cuidadosamente reservado através do seu smartphone as atracções, entre as quais o Rei Leão, em versão chinesa, pois claro.

“Desde sempre que queríamos ir a um parque Disney, mas não havia nenhum na China”, disse à AFP, notando que “o preço do bilhete é aproximadamente o mesmo que no estrangeiro”.

Seja 499 yuan (67 euros) na época alta ou 370 (50 euros) no período baixo, é uma soma considerável num país onde o salário médio ronda os 250 euros.

Em período de “pré-inauguração” desde Maio, o parque já recebeu mais de 600 mil visitantes, de acordo com a Disney.

Mas a concorrência futura arrisca a ser dura para o gigante americano. A China constrói mais parques temáticos que qualquer outro país do mundo, determinada a desenvolver a sua indústria turística.

“Deverá levar cerca de dez anos para que o parque de Xangai comece a dar lucros”, antecipa o professor da Universidade de Finanças de Xangai, He Jianmin.

A Disney deve, por outro lado, defender-se da acusação de “imperialismo cultural”, principalmente da parte do seu rival chinês, Wang Jianlin, um magnata lançado igualmente no negócio dos divertimentos.

“Não se instalou simplesmente a Disney na China. Construiu-se uma Disneyland chinesa”, sublinhou Bob Iger. Uma prova: as Minnie Mouse à venda usam uma roupa tradicional chinesa, e nas torres dos castelos foram plantadas peónias.

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