Há iraquianos que morrem afogados a fugir de Falluja
Proibidos de sair da cidade pelo Estado Islâmico, algumas pessoas usam frigoríficos e armários de madeira para cruzar o Eufrates.
Foram recuperados os corpos de duas crianças, uma mulher e um homem idoso que se afogaram este domingo no rio Eufrates enquanto tentavam fugir aos combates em Falluja e aos homens do Estado Islâmico. Estavam a cruzar o rio numa embarcação improvisada quando naufragaram. Iam mais nove pessoas com elas, que estão agora desaparecidas.
“Estão a usar frigoríficos vazios, armários de madeira e barris de querosene como barcos improvisados para cruzarem o rio”, disse à Reuters Shakir al-Essawi, um dirigente da província de Anbar. Imagens da estação de televisão Al-Arabiya mostram também pessoas a tentar cruzar a nado o rio, que chega a ter 300 metros de largura.
As forças iraquianas cercaram quase por completo Falluja. A única frente que é ainda controlada pelo Estado Islâmico é a do próprio rio Eufrates, a Oeste. Os jihadistas proibiram os civis de tentarem fugir da cidade, para os poder usar como escudos humanos contra os avanços das forças governamentais. Há relatos de dezenas de pessoas assassinadas quando tentavam escapar.
Estimava-se no início dos combates que estivessem 50 mil civis em Falluja, em condições humanitárias graves, com falta de água potável e pouco acesso a comida. Já cerca de mil famílias conseguiram fugir da cidade, muitos em grande esforço, escondendo-se de patrulhas do Estado Islâmico durante a noite, por exemplo, ou até usando o sistema de esgotos.
Mas a grande maioria continua presa e à mercê dos combates violentos que arrancaram no início do mês. O primeiro-ministro iraquiano, Haider al-Abadi, disse na quarta-feira que a ofensiva para libertar Falluja iria abrandar por receio de apanhar os civis nos ataques. Este domingo, as Forças de Mobilização Popular — milícias paramilitares xiitas — anunciaram que o Sul da cidade está totalmente sob o controlo das forças leais ao Governo.