Homem que assassinou agente de execução ficou em prisão preventiva

Suspeito baleou agente de execução na presença da GNR e barricou-se em casa durante quase 12 horas. Agora ficou preso preventivamente.

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Elementos do Corpo de Operações da GNR foram chamados para o local para as negociações Miguel Madeira/arquivo

O suspeito foi ouvido no Tribunal Judicial de Leiria, por ser aquele cujo juiz estava de turno, embora o processo se vá desenrolar no Tribunal de Alcobaça. O arguido foi presente ao magistrado ao início da tarde, tendo saído do local para o Estabelecimento Prisional de Leiria, onde vai aguardar o desenrolar do processo em prisão preventiva, a medida de coacção mais gravosa.

Um agente de execução foi atingido a tiro na cabeça, na sexta-feira, quando se preparava para fazer cumprir uma decisão judicial, em lugar de Rebelos, na freguesia de Cela, no concelho de Alcobaça. Em causa estaria a demolição decretada pelo Tribunal de Alcobaça de uns muros junto à residência do suspeito.

Abílio Costa, o homem que na sexta-feira matou a tiro um agente de execução que acompanhava a demolição de um muro por ordem judicial, entregou-se à GNR na madrugada deste sábado, pelas 2h45, quase 12 horas depois do homicídio ocorrido em Rebelos, Cela (concelho de Alcobaça).

Fonte da PJ revelou foram encontrados na residência do suspeito a “caçadeira que terá sido usada para desferir o disparo” e “alguns cartuchos”, entre eles um “deflagrado” que “terá sido aquele que atingiu a vítima”. Os inspectores apreenderam mais “duas espingardas caçadeiras” numa arrecadação contígua à habitação. Ainda segundo PJ, o arguido teria a licença de uso e porte de arma caducada desde 2005, por ter sido impedido pelas autoridades de a renovar devido a antecedentes policiais.

A GNR e a Polícia Judiciária montaram um cerco à vivenda em que o homem vivia e só 12 horas depois do homicídio é que este se entregou, após longas negociações com as autoridades. Abílio Costa, de 56 anos, disparou um tiro de caçadeira na sexta-feira à tarde, alvejando na cabeça Dário Jesus Ferreira, de cerca de 50 anos, que acompanhava dois agentes da GNR na demolição de um muro.

Segundo informações recolhidas pelo PÚBLICO no local, a operação decorria com normalidade, quando Abílio Costa foi para dentro de casa e, repentinamente, apareceu à janela, alvejando o agente de execução, um profissional liberal que executa algumas decisões judiciais e que está inscrito na Câmara dos Solicitadores.

Durante cerca de uma hora, Dário Jesus esteve sem assistência por “não existirem condições de segurança face à posição dominante do agressor relativamente à envolvente da casa”, segundo disse à Lusa uma fonte da GNR, ao início da tarde. A vítima foi depois retirada do local onde tinha sido atingida e colocada numa zona segura onde se procedeu a manobras de reanimação. Acabou, no entanto, por morrer.

A GNR montou então um cerco à casa do atirador, com a colaboração do Corpo de Operações Especiais e da Polícia Judiciária. Apesar do alargado perímetro de segurança que as autoridades estabeleceram em torno da casa de Abílio Costa, era possível, num terreno próximo, ouvir-se os diálogos que ocorriam entre o cercado e a GNR. O homem pareceu sempre pouco disponível para se entregar.

Cerca das 23h, foi audível uma parte das negociações entre as autoridades policiais e o atirador. Em processo de negação ou em gozo, Abílio Costa perguntou: “Mataram alguém a tiro? Não sei de nada”, ouviu-se ao homem que apareceu à janela de casa. “Agora vou tomar um banhito, vou tratar dos cachorros, vou deitar-me e amanhã às oito horas vou à GNR”, disse antes de fechar os estores.

As autoridades tentaram que um afilhado do atirador convencesse o homem a entregar-se, mas Abílio Costa manteve-se barricado em casa. Pelas 2h30 da manhã, viu-se o homem abrir uma persiana e vir à janela comunicar aos guardas que já sabia o que tinha acontecido e que voltassem na manhã seguinte porque iria entregar-se. Perante a insistência do elemento da GNR encarregue das negociações para que este se entregasse já, o suspeito respondeu que não estava em condições porque não estava vestido e que só o faria no dia seguinte, tendo, de seguida, fechado a janela. Poucos minutos depois, porém, voltou à janela e anunciou que se iria entregar, o que veio a acontecer.

Segundo informações recolhidas pelo PÚBLICO no local, Abílio Costa mantinha más relações com o sogro, que pediu em tribunal a demolição de um muro que teria sido construído ilegalmente. Era essa demolição que decorria na tarde desta sexta-feira.