Este foi o filme que deve ter sabotado as hipóteses de Tabu, de Miguel Gomes, para o Urso de Ouro de Berlim. Mas então foi apenas “isto”? Confere: há em César Deve Morrer uma narrativa redentora (do género: a arte, o Júlio César de Shakespeare encenado e interpretado numa prisão de alta segurança italiana, redime) que dificilmente poderia falhar nas apoteoses de consenso que procuram os palmarés dos festivais de cinema. Ainda por cima os Taviani embalam a coisa num “compacto” audiovisual - não prescindem da fórmula cor/preto e branco - construído como uma série de “pontos altos”, facilitando ao espectador a sua catarse. Mas isso torna César Deve Morrer uma espécie de making of de um filme que, depois, não se encontra. Falta-lhe, entre outras coisa, uma durée; falta-lhe uma relação com aquelas “personagens” que de forma tão veemente os Taviani querem que sejam “exemplares” de energia - uma determinação simplista, na maior parte das vezes, como simplista é a pontuação, nunca explorada, do espaço da prisão como cenário “shakespeareano”. Falta o filme.
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