Freud, Jung e Sabina Spielrein como pioneiros, exactamente como Jeff Goldblum, atleta olímpico em “A Mosca”. E a curiosidade fria, didáctica, de David Cronenberg sobre a violência das pulsões - algo que, retrospectivamente, também se agiganta hoje num filme passado como “The Fly”, apesar de esse ter fulgor de ópera em fundo. “Um Método Perigoso” é cronenberguiano? Totalmente, ninguém dirá que não o é. A questão é o que o canadiano tem feito com isso de há uns filmes para cá. E como isso tem consequências na posição do espectador. É como se antes o cinema de Cronenberg fosse uma aventura de difícil descodificação: após a experiência o espectador tinha de encontrar palavras para ordenar o (seu) caos, para se recompor daquilo por que passara; e é como se agora fosse o próprio cinema de Cronenberg - menos orgulhoso e mais submetido à ilustração de um argumento - a chegar cheio de palavras, ordenado, explicado, acolchoando qualquer desconforto. O expoente disso é este filme falado, “Um Método Perigoso”, um “reader''s digest” que conforta o espectador no seu saber.
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