Esta história de um diletante italiano que, intrigado por uma mulher, se decide a seduzi-la e no processo a encontrar a paz consigo mesma partilha o mesmo ADN de boulevard teatral, comédia de enganos estilizada, de obras mais recentes do seu realizador como "Sabe-se Lá!". Mas, ambientada no universo de um pequeno circo ambulante em crise após a morte do seu fundador, transporta também um perfume melancólico, de requiem por algo (talvez um modo de pensar ou de fazer o cinema?) em vias de desaparecimento. "36 Vistas do Monte Saint-Loup" transforma-se então numa desmontagem metódica da arte da comédia cruzada de demonstração do difícil que é fazer rir, mas essa elegância (e a presença sublime de Sergio Castellitto) não evitam alguma aridez, alguma secura, uma sensação ora de piloto automático ora de filme em perda. N
ão é vergonha nenhuma para mestre Rivette dizer que esta comédia discreta e pacata é uma entrada menor no corpo da sua obra, sobretudo depois do sublime "Não Toquem no Machado" - o que é vergonha é que essa obra-prima tenha ficado por estrear em sala entre nós e tenha saído directamente para DVD...