Saímos do filme com esta sensação bizarra: assistimos a uma espécie de pré-história cinematográfica do cinema de David Cronenberg? A obra do canadiano vai-se fazendo de forma "literal" (daí até as relações que alguns filmes estabelecem com um género cinematográfico como o porno - "Crash" é um caso limite). Mas aqui estamos perante um desesperante bé-á-bá edipiano, uma obra tão "evidente" que dela está ausente o mistério, demonstrativa como pode ser a figuração da loucura como teia de aranha ou da esquizofrenia como um espelho partido. O cérebro, esse grande criador? Isso está em todo o cinema de Cronenberg ("it's all in the mind"), ao qual "Spider" nada acescenta. Em relação a este filme (como em relação a "M. Butterfly", outra decepção) podemos perguntar: o que é que Cronenberg viu? O que é que levou o realizador de "Crash" a entusiasmar-se pelo entusiasmo do actor Ralph Fiennes (que perseguia há anos a personagem), pelo papel de parede inglês (uma ideia de "britishness"?), pelo corte de cabelo espetado à la Beckett? (Freud "encontra" Beckett?).
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