Ora, não há por aqui apenas maquilhagem pós-moderna. História de um homem em perda - das suas recordações, da sua identidade -, coloca o espectador nessa experiência de "desertificação" de referências, já que ficamos obrigados, como o protagonista, a rebobinar obsessivamente o filme da nossa memória. É certo que a personagem, afinal, está menos perdida do que o espectador; é certo, ainda, que o realizador sabe isso melhor do que todos os outros (a atracção manipulatória está no filme). Mas no deserto de referências (também é questão de paisagem: Los Angeles árida e sem nome, tratada com a mesma crispação de "O Falcão Inglês", de Steven Soderbergh, por exemplo), "Memento" tenta encontrar o seu caminho através de uma escrita tortuosa e exploratória - como a pele do protagonista que ele rasga com as tatuagens que lhe dão os sinais de que, afinal, existe.
Gerir notificações
Estes são os autores e tópicos que escolheu seguir. Pode activar ou desactivar as notificações.
Gerir notificações
Receba notificações quando publicamos um texto deste autor ou sobre os temas deste artigo.
Estes são os autores e tópicos que escolheu seguir. Pode activar ou desactivar as notificações.
Notificações bloqueadas
Para permitir notificações, siga as instruções: