Este é um filme construido na sombra e no silêncio, como de resto todo o cinema de João Mário Grilo. Não é um retrato da vida na prisão, nem a esfera sociológica que o move, mas justamente um olhar sobre a instituição-pris?ão enquanto lugar feito de sombra e de silÍêncio. Para aí encontrar, na relação entre o velho condenado e o emigrante luso-americano, uma espécie de cinema simultaneamente arcaica e elaboradíssima. É uma "mise-en-scène" alimentada por ambos os polos da relação, é a ilusão de uma vida e de uma felicidade que a verdadeira vida negou. "Longe da Vista" é um filme belíssimo, talvez aquele em que João M·ário Grilo melhor concilia as preocupações de profundidade formal com uma dimensão romanesca mais à flor da pele. Discreto e secreto, este é um cinema que se desenvolve para além de todos os imediatismos e que está, também ele, longe da vista.
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