EUA "prontos para fazer mais" na Síria, mas esperam "que não seja necessário"
Irão pede investigação independente a suspeito ataque de armas químicas na Síria. Chefe da diplomacia britânica suspendeu deslocação a Moscovo.
A localidade no Norte da Síria onde terça-feira 87 pessoas morreram gaseadas foi alvo de um novo ataque aéreo – com um avião que terá saído da base atingida pelo ataque norte-americano de retaliação.
Organizações no terreno disseram uma mulher morreu no mais recente ataque a Khan Sheikhun. A localidade tinha ficado devastada depois do ataque com o que se pensa ter sido gás sarin – dezenas de pessoas foram hospitalizadas com convulsões e dificuldades respiratórias e muitas outras morreram ainda antes de conseguirem ser assistidas.
O ataque dos EUA à base aérea síria de onde terão saído as aeronaves para o ataque em Khan Sheikhun provocou pelo menos dez mortos, entre os quais quatro crianças, e provocou fortes protestos da Rússia, que ameaça suspender a linha de comunicação directa com os EUA sobre as operações na Síria.
Enquanto isso o Presidente iraniano, Hassan Rouhani, pediu uma investigação independente ao ataque em Khan Sheikhun. O dirigente da República Islâmica – o maior aliado regional do regime de Bashar al-Assad – criticou duramente os ataques norte-americanos, dizendo que só conseguirão fazer escalar o extremismo na região.
Depois do bombardeamento de sexta-feira, os Estados Unidos não parecem dispostos a lançar novos ataques contra o regime sírio, considerando que o “aviso” está feito. “Os Estados Unidos não vão ficar à espera que Assad use armas químicas sem consequências, esse tempo acabou”, declarou no Conselho de Segurança a representante norte-americana na ONU, Nikki Haley. “Os Estados Unidos deram um passo muito comedido na noite passada. Estamos prontos para fazer mais, mas esperamos que não seja necessário.”
No terreno, as forças da coligação liderada pelos EUA continuaram neste sábado a lançar ataques contra alvos do Daesh, e segundo o Observatório dos Direitos Humanos (grupo com sede no Reino Unido e que recolhe informações de uma rede de pessoas na Síria), morreram pelo menos 15 civis, incluindo quatro crianças.
O secretário de Estado dos EUA, Rex Tillerson, visita Moscovo na próxima semana, mas o ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, Boris Johnson, suspendeu pela segunda vez uma visita prevista para os próximos dias por causa dos últimos acontecimentos.