Começar hoje na joalharia não é o mesmo do que há duas décadas, num tempo em que não havia startups ou incubadoras para apoiar os negócios, nem redes sociais para se dar a conhecer ou vender para o mundo inteiro.
Nascido no Porto há 45 anos, Bruno da Rocha aprendeu a ser empresário e agarrou as oportunidades. Depois dos estudos na Escola Artística de Soares dos Reis, do CINDOR-Centro de Formação Profissional da Indústria de Ourivesaria e Relojoaria, à boleia de apoios à interiorização, que incentivavam a descentralização dos novos negócios. E ei-lo de malas feitas com uma amiga para Bragança. “Havia falta de designers no mercado de joalharia, isso ajudou-nos.” Mas a distância não os beneficiava quando as contrastarias, que garantem a autenticidade dos metais preciosos, estavam concentradas em Lisboa e Porto, onde tudo acontecia. Em 2005 deixou o interior do país e criou a sua marca.
Com uma base de construção clássica, juntou design e arrojo à escola portuguesa e fez do mercado nacional a sua maior âncora. As jóias assinadas por Bruno da Rocha são inspiradas na natureza e em animais que transporta para o seu universo com uma linguagem própria. “Diziam-me: Vendes isto nas lojas? Isto são peças de museu.” Vendia e soube fidelizar o seu público ao longo dos anos. Na página do Facebook da marca, uma cliente refere orgulhosamente os “15 anéis, três pregadores e uns brincos” feitos por ele que já soma na sua colecção. “As gerações vão-se actualizando mas o gosto pelo uso das jóias mantém-se.”
Quando se estavam a aproximar os 40, o designer quis concretizar um objectivo: ter uma loja fora de Portugal. “Há um tempo para cometermos certas loucuras”, reconhece. Avançou para a internacionalização e abriu portas em Madrid, em 2009. A aventura durou apenas dois anos e “não correu bem”. “Ter lojas próprias não é o mais importante.” Actualmente, tem um atelier em Vila Nova de Gaia, uma equipa de seis pessoas e subcontrata duas empresas para a fundição e cravação. Os contactos nas feiras de Paris e Munique, onde é presença habitual, resultaram na distribuição para pontos de venda em Espanha, Suíça, Itália, Polónia, Alemanha, Lituânia, Rússia, Angola e China. Em Setembro esteve pela sétima vez na Bijorhca, a conceituada feira de joalharia de Paris, que exibe um anel de Bruno no cartaz da próxima edição, a realizar-se em Janeiro.
