Quis seguir joalharia e foi com esse objectivo que entrou na Escola Secundária Artística António Arroio. Durante dois anos e meio, o estabelecimento de ensino deu-lhe a conhecer uma outra dimensão das artes, mas ele sentia falta de bases sólidas mais técnicas. O CINDOR-Centro de Formação Profissional da Indústria de Ourivesaria e Relojoaria, em Gondomar, tem fama dessa vertente prática. “Escrevi uma carta a propor a mudança”, conta. Aceitaram-no, com a condição de repetir o 10.º, 11.º e 12.º ano. “Que fazer? Seria certo estar a recuar, atrasar os estudos para ganhar competências?” Acreditou que seria o melhor, mesmo que amiúde, quando repetia matérias, voltasse a dúvida quanto à decisão tomada. Na jornada curricular teve oportunidade de estagiar em diferentes empresas. Passou pela Flamingo, Leitão & Irmão, José Carlos & Filhas e Valentim Quaresma.
No atelier deste designer de jóias passou da minuciosidade da alta joalharia para a escultura, um terreno até aí desconhecido. “Encontrei um mestre com quem abri horizontes. Não há limites à criatividade. Sobretudo, faz-me pensar de uma forma diferente”, diz. “Antes vivia obcecado com a ideia de perfeccionismo, aqui aprendi que a perfeição não existe, temos de tentar, de experimentar, de errar para melhorar.” Ficou a trabalhar com Valentim Quaresma, que lhe reconhece “a técnica excelente”. Mestre e aprendiz aprendem um com o outro. Na bancada que ocupa, no atelier do Chiado, Pedro dá os últimos retoques nas peças que vão desfilar na ModaLisboa. Aplica as técnicas que aprendeu nas criações de Valentim Quaresma. Quando fala do seu trabalho, sorri, sem esconder a felicidade. Acumula também funções de director criativo da Dacha, uma marca de acessórios para casa quase a chegar ao mercado, e de professor de Moda e Design, na ETIC-Escola de Tecnologias, Inovação e Criação. “Não tenho pressa em ter a minha marca, nem sequer penso nisso.” Pressa? Na lufa-lufa do quotidiano esquece-se da idade que tem, 21 anos.
