Tribunal americano considera que Google Books não viola direitos de autor
Justiça concluiu que existe interesse público no projecto lançado pela empresa em 2004.
Um tribunal de recurso em Nova Iorque considerou que o projecto do Google de digitalizar milhões de livros para criar uma biblioteca online não viola os direitos de autor e oferece um serviço público, rejeitando a ilegalidade alegada por um grupo de escritores, que acusa a empresa de os prejudicar financeiramente.
O litígio remonta a 2005, um ano após ter sido lançado o projecto Google Books. A Associação Americana de Editores, a Authors Guild, considerou que o projecto teria um impacto negativo nas receitas dos seus livros e exigiiu que fosse suspenso. Segundo o grupo, o Google estava a digitalizar milhões de livros a partir de bibliotecas públicas e universitárias sem ter autorização dos autores para isso.
No âmbito do projecto, o Google digitalizou livros com direitos de autor mas que se encontram esgotados ou descatalogados. Na opinião da empresa, não deveriam existir contestações a um produto interessante para a sociedade que o proprietário não está a usar, não está a vender, possa ser oferecido sem utilização comercial.
Oito anos depois do processo iniciado pelo Authors Guild, um tribunal de pequena instância deu razão ao Google e ao seu projecto de digitalização de livros nos Estados Unidos. Na altura, o tribunal concluiu que o projecto enquadrava-se no “fair use” (uso justo) da lei dos direitos de autor.
Para o Google, as acusações feitas pelos autores não tinham fundamento. Para a empresa o seu projecto iria impulsionar as vendas de livros, tornando mais fácil para os leitores encontrar obras e mostrando-lhes livros a que, de outra forma, não teriam conhecido.
A decisão do tribunal de 2013 foi agora confirmada por um tribunal de recursos, ao determinar que não há violação de direitos de autor e que existe um interesse público no projecto do Google. No entanto, o mesmo tribunal diz que o caso “testa os limites do uso justo” das obras.
"A divisão pelo Google de uma página em pequenos trechos tem como objectivo mostrar ao utilizador apenas o contexto suficiente em torno do termo que procurou para ajudá-lo a avaliar se o livro se enquadra no âmbito do seu interesse”, observou o juiz Pierre Leval, citado pela Reuters.
Para o Google, o projecto Books é como um “catálogo de cartões para a era digital”. “A decisão de hoje salienta o que as pessoas que usam o serviço nos dizem: o Google Books dá-lhes uma maneira útil e fácil de encontrar livros que querem ler e comprar, ao mesmo tempo beneficiando detentores de direitos autorais", afirmou à Reuters o porta-voz da empresa Aaron Stein.