De jogo em jogo, a ideia original ainda está na gaveta

StringZ pode ser jogado no iPhone, no iPad e em Mac. Foi criado por uma pequena equipa em Coimbra. Ganhou prémios em Portugal, mas quase todas as vendas são nos EUA.

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A equipa de WingzStudio, nas suas instalações em Coimbra
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A WingzStudio ainda não desenvolveu a ideia que levou à criação da empresa

Nos tempos livres e em noitadas de pizza, criaram StringZ, um premiado jogo para iPhone, iPad e computadores Mac. Têm outro título em desenvolvimento e um terceiro quase acabado e que envolve uma personalidade famosa com quem o contrato está a ser ultimado (e cuja identidade ainda não pode ser revelada).

A empresa, de que fazem parte cinco pessoas, funciona no Connect Coimbra, um velho edifício recuperado que aluga espaços a freelancers e start-ups. Fica numa pequena rua (hiperbolicamente chamada Bairro Sousa Pinto) não muito longe da Alta da cidade, onde estão os mais antigos edifícios da universidade, e perto das icónicas Escadas Monumentais. No Connect, as start-ups são vizinhas de algumas das tradicionais repúblicas coimbrãs.

João Melo, de 42 anos, e João Ferrand, de 38, são os dois sócios-fundadores. Não é a primeira vez que trabalham juntos. Na altura da bolha tecnológica, há mais de dez anos, criaram sites onde era possível partilhar e comentar fotografias das festas estudantis. Foram “cilindrados” por um site semelhante lançado pelo Sapo, recorda Ferrand. E cada um seguiu o seu percurso. Melo ia estudando Biologia enquanto geria uma empresa de criação e alojamento de sites, Ferrand tornou-se designer. Estas actividades são ainda a principal fonte de rendimento dos dois sócios, que lançaram a empresa praticamente sem investimento. “Mas a ideia é vivermos disto”, diz Melo. Da WingzStudio faz ainda parte um terceiro sócio (um investidor), um quarto (um jovem programador que preferiu uma participação na empresa em vez de dinheiro) e um programador estagiário.

StringZ é um jogo de raciocínio em que o jogador tem de ter em consideração as leis da física. O género é muito popular entre utilizadores de smartphones e tablets (são famosos, e rentáveis, títulos como Angry Birds e Cut the Rope).

Em cada nível, o jogador tem de fazer um extraterrestre, que é largado do topo do ecrã, chegar à sua nave, no fundo. O percurso implica contornar ou ricochetear em obstáculos e aproveitar o efeito de vários elementos, como buracos negros que teletransportam o protagonista. O desafio está em desenhar no ecrã uma espécie de cordas que guiem o extraterrestre na sua queda até ao destino, de preferência apanhando as três estrelas que estão espalhadas em cada nível.

O jogo começou a ser desenvolvido em Março de 2011, ainda a empresa não estava sequer a ser criada, e estava concluído em Outubro. Nesse ano, teve uma menção honrosa nos prémios Zon Multimedia e em 2012 foi vencedor do Prémio Nacional de Multimédia na categoria de aplicação móvel (o prémio é organizado por uma associação que reúne empresas do sector).

A versão para iPad e iPhone custa agora 1,79 euros. Os criadores não querem revelar quantas vezes foi descarregado. “Uns cinco estádios do Dragão”, diz Ferrand quando questionado sobre  uma ordem de grandeza – mas rapidamente se tornou claro que ninguém em torno da mesa que ocupa praticamente toda a sala onde a WingzStudio trabalha tinha uma ideia precisa sobre a capacidade do estádio (um pouco mais de 50 mil pessoas). O mercado dos EUA é, de longe, o principal e representa 95% dos downloads.

Com o objectivo de publicitar StringZ, a equipa decidiu fazer o que seria um pequeno jogo chamado To Bee or not to bee, onde a acção envolve abelhas e tiros frenéticos. Seria lançado gratuitamente e incluiria referências ao primeiro jogo. É uma técnica comum entre quem desenvolve aplicações: usam-se umas para promover outras. Mas os próprios autores começaram a gostar deste segundo jogo e este ganhou estatuto próprio. Será lançado nos próximos meses.

Ainda na calha está um terceiro título, em que a figura principal é uma personalidade conhecida em Portugal. A WingzStudio está a ultimar as negociações e não pode adiantar pormenores. Mas, neste caso, o modelo de negócio será diferente. Em vez de vendas, o objectivo é encontrar quem esteja interessado em fazer publicidade dentro do jogo, aproveitando a notoriedade do protagonista.

No meio de tudo isto, a ideia original que levou ao lançamento da empresa “está na gaveta”, diz João Ferrand. Não esquecida, mas à espera de vez.
 

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