Cientistas questionam sucesso no teste de Turing em Londres

Universidade de Reading anunciou que programa de computador tinha ultrapassado teste criado para avaliar inteligência artificial.

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Apesar de já ter sido tentado por várias vezes que um computador seja bem-sucedido na prova, isso nunca tinha acontecido, até a universidade ter reclamado que o programa de computador criado pelo russo Valdimir Veselov e pelo ucraniano Eugene Demchenko tinha conseguido convencer dez dos 30 elementos de um júri na Royal Society, considerada a instituição mais importante da ciência britânica, de que era um ser humano, através de conversas de cinco minutos com os membros do painel.

O teste de Turing foi criado em 1950 por Alan Turing, matemático britânico considerado o pai da informática, sendo considerado um trabalho pioneiro no domínio da inteligência artificial. No teste, um computador entra em conversa com um humano (que não sabe se está a comunicar com uma máquina ou não). O teste é superado se o humano não conseguir perceber se estava a comunicar com outra pessoa ou com um computador.

No teste realizado no último sábado, os elementos do júri foram colocados em frente a um computador, no qual colocaram questões. Nesse computador, funcionava o programa Eugene, que dava as respostas.

No ano em que criou o teste, Alan Turing estimou que seriam precisos 100 anos para que uma máquina o superasse. Há quem considere que serão precisos muitos mais para que haja sucesso.

Stevan Harnad, professor de ciências cognitivas na Universidade do Quebeque, em Montreal, Canadá, faz essa leitura. “Não passámos o teste de Turing. Nem estamos perto disso”, afirmou ao The Guardian. Harnad argumenta que um sistema que consiga fazer o mesmo que o cérebro humano precisa de ter "toda a nossa capacidade verbal, bem como o sensório-motor, ou robótica, qualidade em que se fundamenta”. “Não por cinco minutos, mas para toda a vida".

“Penso que passámos um teste de Turing, mas não sei se é o teste de Turing”, questionou, por sua vez, John Denning, que trabalhou com Valdimir Veselov no projecto Eugene. Ao mesmo jornal britânico, Denning sublinhou que o Eugene não é mais inteligente que uma pessoa. “Não vamos pôr as nossas vidas nas mãos de um rapaz de 13 anos que faz piadas e tem um estranho sentido de humor”, acrescentou.

Ao The Guardian, Marvin Minsky, co-fundador do laboratório de inteligência artificial do MIT, deixou uma questão em tom irónico: “Nada se aprende com experiências pobremente criadas. Pergunte ao programa se você pode empurrar um carro com uma corda. E, se não, então por que não?"

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