Samsung condenada a pagar mil milhões de dólares à Apple

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O veredicto deste caso terá consequências que vão para lá dos EUA e que poderão afectar o resto do sector

O júri, que examinou cerca de 700 queixas da Apple e da Samsung, decidiu que a empresa sul-coreana de electrónica copiou pelo menos três das inovações do iPhone. O veredicto concluiu ainda que a Apple não violou nenhuma das patentes da Samsung, ao contrário das acusações desta. A Samsung já fez saber que vai recorrer da decisão. O caso está a decorrer desde o início do mês num tribunal californiano, com a Apple a acusar a Samsung de ter copiado o design e várias funcionalidades do iPhone e do iPad (como os ícones das aplicações).

Em comunicado, os responsáveis pela Samsung escreveram que este veredicto "não deve ser visto como uma vitória para a Apple, mas sim como uma perda para o consumidor americano"."Vai provocar menos opções, menos inovação, e preços potencialmente mais altos. É de lamentar como a lei das patentes pode ser manipulada para dar a uma empresa o monopólio dos rectângulos com os cantos arredondados”, continua o comunicado, defendendo que "os consumidores têm o direito de poder escolher e sabem o que estão a comprar quando adquirem produtos Samsung".

Em resposta às acusações da Apple, a multinacional sul-coreana argumentava que tinha presença na indústria dos dispositivos móveis há mais de duas décadas e que se não fossem as inovações da Samsung, incluindo as relacionadas com tecnologia 3G, a Apple não conseguiria sequer ter lançado, em 2007, o iPhone, o telemóvel com que se estreou e que marcou um ponto de viragem no sector. A empresa lançou um contra-ataque, acusando a rival de ter infringido patentes relacionadas com tecnologia de comunicação móvel e pedindo, por isso, 422 milhões de dólares. Argumentos rejeitados pelo tribunal.

Além de pedir uma indemnização de 2,75 mil milhões de dólares, a Apple queria também que o tribunal proíbisse a Samsung de vender vários modelos de telemóveis e tablets no mercado americano.

O detalhe das argumentações levou a que a juíza tivesse interpelado várias vezes e de forma ríspida os advogados de ambas as partes, chegando a sugerir ironicamente a um dos advogados da Apple que este estaria a “fumar crack” por pretender chamar a tribunal um extenso rol de testemunhas em apenas quatro horas.

A Samsung já vendeu 22,7 milhões de smartphones e tablets, enquanto a Apple tem um valor estimado de vendas de 8,16 mil milhões de dólares, desde Junho de 2010.

A Apple ganha assim uma das suas grandes lutas, podendo esta decisão beneficiar a norte-americana nos outros processos que tem ainda pendentes em tribunal com outras empresas, como a HTC e a Motorola. A batalha legal começou ainda com Steve Jobs, que nunca aceitou o sistema Android por sentir que copiava o sistema da Apple. "Vou até à última respiração se for preciso, e gastarei cada tostão dos 40 mil milhões da Apple que estão no banco, para remediar este mal", disse sobre o caso ao seu biógrafo oficial Walter Isaacson. "Vou destruir o Android, porque é um produto roubado", garantia.

O veredicto deste caso terá consequências que vão para lá dos EUA e que poderão afectar o resto do sector. Os aparelhos da Samsung em causa usam o sistema operativo Android, desenvolvido pelo Google e que é usado por vários outros fabricantes. O Android tornou-se o sistema operativo dominante para smartphones e a decisão em favor da Apple dá-lhe vantagem em batalhas judiciais contra outras marcas – têm sido vários os processos do género movidos pela Apple, incluindo em vários países europeus.

Samsung e Apple têm estado envolvidas em várias disputas relacionadas com propriedade intelectual, com os resultados a penderem para os dois lados. Na Holanda e na Alemanha, a venda de alguns aparelhos da Samsung foi suspensa. Já um tribunal no Reino Unido deu razão à Samsung e obrigou a Apple a fazer um pedido de desculpas público – algo que a empresa americana contestou, alegando que isso seria publicidade à rival, num caso que regressará aos tribunais.

Já nos EUA, no final do mês passado, a justiça suspendeu a venda de um dos modelos de tablets da Samsung, até que a disputa que esteja resolvida.

Notícia actualizada às 09h23