Vila-franquenses à espera que foco de legionella seja rapidamente encontrado
O PÚBLICO ouviu esta manhã de domingo várias pessoas das três freguesias com mais casos diagnosticados. Quase todos insistem que o importante, agora, é descobrir o foco do problema e tomar medidas para travar a situação.
Quase todos insistem que o importante, agora, é descobrir o foco do problema e tomar medidas para travar a situação. O PÚBLICO sabe que as autoridades de saúde estão a desenvolver investigações em várias unidades fabris e locais públicos da região e que 20 amostras de água recolhidas em vários pontos da região seguiram, este sábado, para análise no Instituto Ricardo Jorge. No Hospital de Vila Franca de Xira permanecem mais de 50 doentes com infecção por legionella confirmada, seis dos quais em estado considerado grave.
Segundo a SIC Notícias, já há pelo menos 120 doentes internados com legionella. O PÚBLICO contactou o director-geral de saúde, Francisco George, que não quis comentar o número, mas reconheceu que “não andará longe disso”. “Não posso confirmar um número que não tenho, mas não andará longe disso”, admitiu o responsável, remetendo um ponto de situação sobre o surto infeccioso para depois de uma reunião de coordenação das autoridades de saúde, que se realizará esta tarde, às 15h.
Num dos quatro supermercados (médias superfícies) de Vialonga, os funcionários recordam que no fim da tarde de sexta-feira a procura de água engarrafada foi e tal ordem, que o stock existente despareceu rapidamente. “Tivemos que pedir um camião e água de urgência”, explica uma funcionária, frisando que desde então a procura de água acalmou.
Ao fim da tarde de sexta-feira, Horácio Barbosa, motorista de pesados de 45 anos, residente em Vialonga, estranhou ver tanta gente carregada com água. “Vimos muita gente a levar água do Pingo Doce e julgámos que era alguma promoção. Quando chegámos a casa, vimos as notícias e fomos também comprar água. Não tínhamos a informação necessária. Só no sábado é que começámos a perceber que [a transmissão da bactéria] não tinha a ver com a ingestão de água”, salienta, frisando que há alguma preocupação, mas que depois ao saberem como é que a bactéria se propaga as pessoas ficaram mais tranquilas. “Evitamos só algumas coisas que possam levar a inalar gotas de água”, acrescenta.
Mário e Maria José Duval, um casal de reformados de Vialonga, mudaram apenas algumas rotinas. “Já bebíamos habitualmente água engarrafada. A única coisa que estamos a fazer é a aquecer água para nos lavarmos. Lavamo-nos com água morna e não com água quente, como explicou o senhor doutor na televisão”, refere Maria José. “A preocupação, agora, é que se esclareça tudo, para que as pessoas fiquem mais tranquilas”, acrescenta Mário Duval, de 76 anos.
“Penso que isto não seja da água. Acho que nunca se vai esclarecer. Pode ter sido o ar condicionado em certas grandes superfícies”, observa, por seu turno, Eugénia Cordeiro, comerciante do Forte da Casa, que diz não ter muito tempo para ouvir notícias e que as pessoas estão preocupadas, até porque “a televisão também incrementa isso”, porque “está a toda a hora a falar nisto”. Eugénia, de 62 anos, não mudou os seus hábitos e está “relativamente tranquila”.
Já João Soares, de 50 anos, destacava-se pelos garrafões de água e pelas quatro embalagens de lixívia e de amoníaco que transportava no carrinho de compras. Em declarações ao PÚBLICO garantiu que são compras perfeitamente normais, para beber em casa e para lavar o sítio onde tem alguns cães. “Não mudei os meus hábitos. A situação está controlada. Estou atento, mas acredito que não é nada de alarmante. Não sei se vai ser descoberto o foco, mas acredito que sim. Se quiserem controlar as coisas, tem que ser por aí o primeiro passo”, conclui.
Com Ana Brito