Viaturas de emergência param temporariamente em várias zonas do país por falta de tripulação

Pelo menos cinco viaturas estiveram temporariamente inoperacionais: Évora, Portalegre, Guarda, Faro e Torres Vedras.

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Nelson Garrido

Segundo uma ronda feita pela agência Lusa, nos últimos meses, pelo menos outras quatro viaturas estiveram temporariamente inoperacionais: as de Portalegre, Guarda, Faro e Torres Vedras.

No caso mais grave, em Évora, a administração do hospital confirmou que “a VMER (Viatura Médica de Emergência e Reanimação) estava, momentaneamente, inoperacional” quando ocorreu o acidente, no dia 25 de Dezembro, que envolveu dois automóveis e um cavalo - Maria Antónia Ascensão, ex-jornalista do PÚBLICO, o marido e a filha foram três das vítimas deste acidente.

A coordenadora da VMER de Évora reconheceu que “em épocas especiais é mais complicado ter médicos disponíveis”, alegando que “a escala é preenchida com horário voluntário” e que os clínicos “nem sempre estão disponíveis”.

A indisponibilidade “esporádica” dos clínicos pode explicar-se, segundo Ireneia Lino, com o facto de “o retorno financeiro” estar a “descer para valores próximos aos dos serviços dentro do hospital”, apesar de ter “um risco acrescido”.

Ainda assim, assinalou que a VMER de Évora tem actualmente “poucos períodos” de paragem, apresentando “dois ou três por cento de inoperacionalidade”.

Na noite da passagem de ano, foi a VMER de Portalegre que não saiu para assistir duas pessoas atropeladas no centro da cidade. Um homem de 42 anos morreu e uma mulher de 36 ficou ferida.

Fonte da Unidade Local de Saúde do Norte Alentejano confirmou que “a VMER esteve inoperacional entre as 20h do dia 31 de Dezembro e as 12h do dia 1 de Janeiro”, porque “não havia médico disponível”.

O coordenador da viatura de Portalegre, Hugo Capote, adiantou à Lusa que já foram formados “entre 20 e 30 médicos”, mas que, actualmente, prestam serviço “entre 10 e 12”.

“Alguns médicos fizeram a sua actividade na VMER durante cinco ou seis anos, mas, depois, as suas carreiras médicas evoluíram e, a partir de certa altura, optaram por trabalhar a tempo inteiro nos seus serviços”, explicou.

Hugo Capote referiu que “há quase três anos” que não há formação de médicos para a VMER de Portalegre, tendo já sido “solicitada várias vezes ao Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM)”.

A situação não é “exclusiva” do Alentejo. Em Torres Vedras, no distrito de Lisboa, segundo o bastonário da Ordem dos Médicos, José Manuel Silva, a VMER “esteve 10 dias 100% inoperacional”, em Agosto de 2013.

A “situação pode-se agravar dramaticamente” agora com a VMER do Hospital de Vila Nova de Gaia, cuja administração pretende reduzir “o pagamento dos médicos para 11,68 euros e dos enfermeiros para 7,52 euros” por hora, disse.

Também a VMER da Guarda enfrenta “pequenos períodos” de inoperacionalidade, reconheceu à Lusa o seu coordenador, Tiago Saraiva, indicando que as paragens correspondem a cerca de 5%, devido à falta de médicos para o serviço, mas no prazo de dois a três meses o problema deve estar resolvido.

No Algarve, o caso não é tão grave porque existem três viaturas (Faro, Portimão e Albufeira), mas, mesmo assim, de acordo com o Centro Hospitalar do Algarve, “durante o período do Natal, como é normal em feriados e festividades, houve um ou dois dias em que, além de um helicóptero, só esteve axcionada uma VMER”.

Segundo o Centro Hospitalar do Algarve, a partir do dia 15 deste mês, vai dispor de 18 médicos que estão a acabar o curso, numa formação a realizar de novo em Março e que deverá tornar a região “num exemplo em termos de activação” dessas viaturas.