Vaticano quer saber opinião dos católicos sobre temas como divórcio ou casamento gay
Inquérito enviado às conferências episcopais tem como objectivo recolher informação de base para o sínodo sobre a família, que se realiza em Outubro de 2014.
Para isso, enviou às conferências episcopais espalhadas pelo mundo um inquérito, que deverá ser distribuído pela comunidade católica, com perguntas sobre temas pouco consensuais no seio da Igreja. Os resultados desta consulta servirão de base para preparar o sínodo sobre a família, marcado para Outubro de 2014, sob o tema “Desafios pastorais da família no contexto da evangelização”.
Segundo o jornal norte-americano National Catholic Reporter, o questionário começou a ser enviado a 18 de Outubro, acompanhado por uma carta do arcebispo Lorenzo Baldisseri, secretário-geral do sínodo. Nessa missiva, Baldisseri pede aos bispos que distribuam os inquéritos “imediatamente e da forma mais ampla possível” ao maior número de párocos.
De acordo com o mesmo jornal, esta é a primeira vez que o Vaticano pede o contributo dos escalões mais baixos da hierarquia da Igreja, pelo menos desde que foi estabelecido o sistema de sínodos logo após o Concílio Vaticano II, em 1961. As respostas têm de ser enviadas até ao final de Janeiro.
O objectivo é perceber, por exemplo, como é que está a ser aceite o “valor da família” ensinado actualmente pela Igreja. E se existem, nas várias paróquias, padres preparados para lidar com os problemas do divórcio, do casamento entre pessoas do mesmo sexo, ou das pessoas que voltam a casar após uma separação – o que impede a comunhão na eucaristia, caso o casamento anterior não seja anulado.
O Papa Francisco manifestou já intenção de resolver os problemas relacionados com a nulidade dos casamentos e, tal como Bento XVI, entende que os divorciados que voltem a casar devem ser acolhidos na Igreja.
Baldisseri diz que o Papa Francisco quer que o sínodo de 2014 seja apenas o primeiro passo para avaliar estas questões. O Papa pretende voltar a estes temas no sínodo do ano seguinte, em 2015, quando se celebra o 50º aniversário desta assembleia eclesiástica.
No entanto, apesar de Baldisseri pedir uma consulta “ampla”, nos EUA a exigência parece ser menor. O National Catholic Reporter teve acesso à carta que foi enviada para à conferência episcopal norte-americana juntamente com a versão em inglês do questionário. Nela, o secretário-geral da conferência de bispos dos EUA, Ronny Jenkins, pede aos bispos que contribuam apenas com as suas opiniões, sem consultarem a restante comunidade.
Helen Osman, secretária do gabinete de comunicação da conferência norte-americana, disse ao jornal que o pedido de informações aos bispos iria seguir o “processo usual” uma vez que “Roma pede este tipo de consulta numa base regular”. “Cada bispo vai determinar o que será mais útil na recolha de informação para enviar para Roma”, respondeu a assessora.