Um preço demasiado alto para a incúria
A trágica morte de um jovem de 29 anos no Hospital de São José veio, diz-se agora, permitir que um problema que se arrasta desde 2013 nos hospitais fosse resolvido. É terrível chegar a esta conclusão, mas o facto de não haver no Centro Hospital de Lisboa determinadas especialidades ao fim-de-semana (no estranho pressuposto que há doenças que têm que ser “evitadas” fora dos chamados dias úteis), certamente para poupar nas despesas, é uma falha grave que teve, agora, consequências gravíssimas: uma morte que podia ser evitada. Por causa dela, e do eco que teve na imprensa, houve demissões, há inquéritos e há promessas. O ministro da Saúde garante que semelhante situação não se repetirá. Mas o que não devia repetir-se, mesmo, era o arrastar de decisões fulcrais para a normal assistência em casos graves, esperando talvez que ninguém morra e ninguém repare. Pois morreu alguém e repararam. Um preço demasiado alto para tal incúria.