Um mapa que nos diz onde está a felicidade

Equipa de investigadores da Universidade do Porto desenvolveu uma aplicação para telemóvel que mostra o estado emocional dos cidadãos para melhorar a qualidade de vida nas cidades. Chamam-lhe o "Sensor da Felicidade".

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Fazer um mapa que mostre como se sentem as pessoas nas cidades. É este o objectivo do MoodSensor, um projecto coordenado por uma equipa de investigadores da Universidade do Porto (UP) , que visa compreender a influência da mobilidade e do ambiente no estado emocional das pessoas para, assim, melhorar a qualidade de vida nas cidades.

“A ideia é tentar perceber que factores têm impacto na felicidade para tentar que o nível médio de felicidade na cidade aumente”, explicou ao PÚBLICO Ana Aguiar, investigadora na FEUP e responsável pelo projecto, à margem da sessão dedicada esta sexta-feira ao MoodSensor (apresentado como "O Sensor da Felicidade"),  no âmbito do Fórum do Futuro, que decorre no Porto até domingoPara isso, os investigadores desenvolveram uma aplicação para telemóvel, intitulada SenseMyMood, disponível gratuitamente para smartphones com sistema Android e iOS, que recolhe os dados de mobilidade e de estado emocional de cada um dos participantes, ao longo do dia, gerando assim o “mapa da felicidade” da cidade do Porto.

Este mapa é criado através das informações fornecidas pelos utilizadores, que respondem a três inquéritos diários sobre o seu nível de felicidade – numa escala de 1 a 5. No momento da resposta, a aplicação recolhe também a localização do smartphone e o ruído ambiente durante um segundo. Estes dados são armazenados num servidor gerido pela equipa da UP, permitindo assim formular o “mapa da felicidade”, que mostra “a distribuição de emoção e felicidade” na cidade. A aplicação garante o anonimato dos participantes, que podem apenas consultar os seus próprios dados.

O projecto começou por ser testado com uma amostra de 40 pessoas, nos últimos seis meses, mas os resultados preliminares demonstram que, durante o dia, as pessoas apresentam variações de emoção “surpreendentes”, referiu Ana Aguiar na apresentação de MoodSenser. De acordo com a leitura dos dados que recolheram até este momento, os investigadores perceberam que os níveis de felicidade são, por exemplo, mais baixos “quando se espera pelo autocarro, do que quando se está a trabalhar”.

Esta iniciativa, implementada no Porto, nasceu de uma cooperação entre a Faculdade de Engenharia (FEUP) e a Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da UP, no âmbito do Centro de Competências para as Cidades do Futuro.

O vereador da inovação e do ambiente da câmara do Porto, Filipe Araújo, esteve também presente na sessão de apresentação e destacou a vertente colaborativa desta iniciativa, que “convida a população a fazer parte de um projecto científico, um projecto para a cidade”. “A melhor forma de tratar o tema da felicidade é trabalhar com as pessoas”, disse ao PÚBLICO.

Texto editado por Andrea Cunha Freitas

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