Sete em cada dez mulheres sofrem de disfunção sexual
Mais de metade das mulheres em idade reprodutiva que participaram num estudo da Universidade do Minho disseram não conseguir atingir o orgasmo.
Mais de metade das mulheres em idade reprodutiva ouvidas para o estudo disseram que não conseguem atingir o orgasmo. Um terço justificam-no com o factor “stress”, mas também foram apontados outros como “dores durante o acto sexual, vaginismo [contracções dolorosas e espasmódicas do músculo constritor da vagina] e experiências sexuais indesejadas”.
A disfunção sexual feminina, explica a autora do estudo, está relacionada com “uma alteração em qualquer uma das fases do ciclo de resposta sexual (o desejo, a excitação e o orgasmo)” ou com “perturbações dolorosas associadas ao acto sexual”.
Mas além de metade das mulheres que sofrem de disfunção sexual não verem isso como um problema, as restantes “tendem a desvalorizar os sintomas”, diz Bárbara Ribeiro. Isto porque “muitas delas ainda não encaram uma vida sexual plena como parte integrante da sua satisfação pessoal” e atribuem mais valor a outros factores como a vida familiar. Noutros casos isso deve-se também a “desconhecimento da respectiva sexualidade”.
A autora sublinha, porém, que é importante ter em conta a opinião de cada mulher e que a disfunção sexual feminina pode não ser de facto um problema desde que não afecte a qualidade de vida.
O estudo mostra ainda que a contracepção hormonal diminui o desejo sexual das mulheres: “A frequência com que estas mulheres têm relações sexuais diminui de 12 para oito vezes por mês”. Além disso, parece haver “relações directas” entre a contracepção hormonal, a perturbação do desejo, a aversão sexual e as experiências sexuais indesejadas. Ou seja, “93% das participantes vítimas de violação apresentam disfunção sexual e aquelas que usam contraceptivo hormonal têm uma probabilidade 2,6 vezes superior de vir a sofrer de diminuição do desejo sexual, quando comparadas às que recorrem a outro método contraceptivo”.
As mulheres que participaram no estudo têm idades entre os 18 e os 57 anos (a média é de 36) e são utentes de centros de saúde do distrito de Braga. Perto de dois terços são casadas, 23,3% têm o 12.º ano de escolaridade e 72,6% trabalham.