Quase um terço dos condutores já transportou crianças sem cinto
Prática é pontual, mas tem riscos, alerta estudo sobre a segurança infantil do Automóvel Clube de Portugal.
De acordo com a direcção de comunicação do ACP, o estudo foi feito pela própria organização, com base nas respostas a um inquérito online estruturado e realizado no mês de Dezembro através da sua página na Internet, aberto a não-sócios.
De entre os 1856 inquiridos cujas respostas foram validadas (e que, no último ano, haviam transportado no seu carro uma ou mais crianças com menos de 12 anos), 99,62% disseram utilizar uma cadeira devidamente adaptada ao tamanho e ao peso da criança transportada. O problema são as excepções.
Quando lhes foi perguntado se alguma vez nos 12 meses anteriores, e "em que circunstâncias excepcionais ou de forma pontual", haviam transportado uma criança sem qualquer sistema de retenção, só 70,71 % disseram que tal nunca acontecera.
Do total de inquiridos (que podiam escolher mais do que uma das respostas disponíveis no inquérito), 5,17% disseram tê-lo feito em mais de uma ocasião e por diferentes motivos, 12,38% que tal acontecera apenas uma vez num percurso curto e não-escolar e 9,05% apenas uma vez, também, mas a caminho da escola.
Baseando-se em dados da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR), Carlos Barbosa frisou, em declarações ao PÚBLICO, que "estes descuidos podem ser fatais". "Mais de metade [60,70%] do total de crianças com menos de 15 anos vítimas de acidentes rodoviários entre 2007 e 2011 [5748] viajavam dentro das localidades." Destas, oito morreram e 114 sofreram ferimentos graves. Metade das crianças do primeiro grupo e 22,80% das do segundo não usavam qualquer sistema de retenção no momento do acidente, segundo é sublinhado no relatório. No que respeita às crianças vítimas de acidentes fora das localidades naqueles cinco anos (3724), 27,8% das 38 que morreram e 13,40% das 189 que ficaram gravemente feridas não dispunham, também, daquela protecção.
Carlos Barbosa apontou como outros dos dados preocupantes revelados pelo estudo o facto de 42% dos inquiridos afirmarem que as crianças que transportaram já retiraram os braços do sistema de cintos da cadeira ou do cinto do automóvel e o de 17% dizerem que aquelas "desapertaram" mesmo os dispositivos de segurança.
Segundo o ACP, que no relatório frisa que o estudo envolveu a Prevenção Rodoviária Portuguesa e a Cybex, uma marca de cadeirinhas para transporte de bebés e crianças, as três organizações vão disponibilizar na Internet informações, imagens e vídeos sobre os cuidados a ter no transporte de crianças, no âmbito da campanha que hoje é lançada, também, nas redes sociais.
De entre outros conselhos, Carlos Barbosa sublinhou o cuidado a ter com a reutilização de cadeiras - prática assumida por 42,49% dos inquiridos e que, teme, "poderá tornar-se mais vulgar em contexto de crise". As três entidades aconselham que, caso queiram utilizar uma cadeira que já pertenceu a familiares ou a amigos, os condutores devem assegurar-se de que ela está em perfeitas condições e é compatível com o seu veículo e adequada ao peso e estatura da criança que vai ser transportada.