PSP abre inquérito à morte de jovem de 15 anos que família diz ter sido espancado por polícias
Corpo da vítima será autopsiado nesta sexta-feira no Instituto Nacional de Medicina Legal.
O Comando Metropolitano de Lisboa da PSP garante que o último registo que possui do jovem é de 10 de Maio, quando este “foi detido em flagrante delito com outros três indivíduos por furto no interior de um supermercado”. E acrescenta que até esta quarta-feira não havia qualquer denúncia de agressão feita pela família.
“O Diogo Seidi, por ser menor de 16 anos, foi entregue à sua irmã, conforme expediente remetido ao Ministério Publico da Comarca da Amadora. O menor saiu pelo seu próprio pé, acompanhado pela sua familiar, não tendo sido comunicada ou registada qualquer denúncia por agressão ou maus tratos na PSP, por parte dos familiares do menor”, lê-se num comunicado da polícia.
A polícia admite que dois dias depois, a 12 de Maio, o jovem entrou nas urgências do Hospital Amadora-Sintra, mas sublinha que “desconhecia por completo o internamento do jovem nem, em momento algum, teve contacto com o mesmo após a sua entrega e saída da esquadra”.
“Apesar de não dispor de elementos objectivos que permitam estabelecer um nexo de causalidade entre a ocorrência do dia 10 de Maio e o internamento do menor, [a PSP] deu início a procedimento de averiguações interno, aguardando igualmente o resultado do diagnóstico clínico e da eventual autópsia”, diz-se.
O porta-voz do Santa Maria, José Pinto da Costa, confirma que o jovem morreu na quarta-feira por volta das 20h, tendo o corpo sido remetido para o Instituto Nacional de Medicina Legal (INML) para ser autopsiado. O assessor de imprensa não explicou por que razão o corpo será autopsiado, adiantando apenas que o jovem tinha entrado ontem, por volta das 16h, no Santa Maria, vindo do Amadora-Sintra. José Pinto da Costa recusou-se a disponibilizar outros detalhes sobre o caso, alegando que faz parte da política do hospital não divulgar informações clínicas relativas a menores.
Hoje foi feriado em Lisboa, o que explicará o facto de o corpo do jovem não ter ainda chegado ao INML. A autópsia, referiu fonte do instituto, deverá realizar-se nesta sexta-feira.
Tiros e cocktails molotov
O caso motivou protestos violentos nas imediações do Bairro 6 de Maio, incidentes que obrigaram à intervenção da polícia na madrugada de hoje. “Algumas dezenas de indivíduos, oriundos do aludido bairro, arremessaram diversas pedras e cocktails molotov contra viaturas, edifícios e contra efectivos da PSP que, entretanto, foram destacados para o local”, lê-se num comunicado do Comando Metropolitano de Lisboa.
Os desacatos resultaram na destruição de uma viatura ligeira de mercadorias, que ardeu, além de danos materiais em diversos carros estacionados, montras, paragens, toldos e contentores do lixo. “Durante a acção policial desencadeada, foram ouvidos disparos de arma de fogo, tendo dois desses disparos sido efectuados ostensivamente em direcção a um posto do efectivo policial destacado para o dispositivo montado”, relata a nota.
Os incidentes, continua-se, “serão alegadamente actos de retaliação com a sua origem no internamento hospitalar e consequente falecimento de Diogo Filipe Borges Seidi, o qual foi interveniente numa ocorrência policial a 10 de Maio de 2013, conforme participação por factos ilícitos comunicada ao Tribunal da Amadora”.
A mãe de Diogo contou ao Correio da Manhã que no dia em que levou o filho às urgências do Amadora-Sintra este lhe terá dito que tinha sido levado para a esquadra e agredido por elementos da PSP “com pontapés e um pão na cabeça”. Jessica Alves, ex-cunhada do jovem, falou com a agência Lusa, tendo referido que o jovem tinha sido internado há duas semanas “depois de ter sido violentamente espancado por elementos da PSP” durante uma operação no bairro.